Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2025

Joanna Connor: Vida Longa à Rainha da Guitarra e ao Blues de Chicago

Imagem
Joanna Connor: Vida Longa à Rainha da Guitarra e ao Blues de Chicago Hoje celebramos o aniversário de Joanna Connor , a guitarrista que transformou a eletricidade do blues em pura poesia sonora. Não é apenas uma data no calendário: é a lembrança de que algumas pessoas nascem para incendiar os palcos e transformar cada acorde em história. Ao longo de décadas, Joanna construiu uma carreira que desafia o tempo, o gênero e as barreiras do mercado musical, tornando-se um dos nomes mais respeitados do blues contemporâneo. As raízes de uma guitarrista singular Nascida em 31 de agosto de 1962, na cidade de Nova Iorque, Joanna Connor encontrou cedo sua bússola musical. Ainda adolescente, mudou-se para Massachusetts, onde começou a mergulhar no blues, no soul e no rock, absorvendo influências que mais tarde moldariam seu estilo inconfundível. A guitarra, desde o primeiro contato, tornou-se uma extensão de sua alma. Nos anos 80, com a coragem que marca os grandes artistas, Joanna mudou-se...

Luther “Snake Boy” Johnson: Vida, Canção e Legado

Imagem
Luther “Snake Boy” Johnson: Vida, Canção e Legado Luther “Snake Boy” Johnson nasceu como Lucious Brinson Johnson, em Davisboro, Geórgia, em 30 de agosto de 1934. Cresceu entre a terra e o som, aprendendo a tocar violão de forma autodidata e transformando a própria vida em música. Este texto, publicado no dia 30, é uma homenagem jornalística e poética à sua trajetória, à sua morte prematura e à obra que permanece viva nos sulcos do disco. Do campo ao chamado de Chicago Crescido na fazenda, com o violão sempre à mão, Johnson alimentou primeiro a fé gospel — cantou com os Milwaukee Supreme Angels — antes de sucumbir ao chamado elétrico do Chicago blues . Foi em Chicago que aprendeu na pele o ofício do blues: trabalho duro, noites longas e aprendizado ao lado de mestres. Ao lado de Elmore James e Muddy Waters Nos anos 1960, Luther tocou com Elmore James até a morte deste, e a partir de 1966 integrou a banda de Muddy Waters . Essas passagens definiram seu timbre e sua atuação: vo...

Robert Randolph: da Igreja ao Rock — Vida, Arte e o Novo Álbum Preacher Kids

Imagem
Robert Randolph: da Igreja ao Rock — Vida, Arte e o Novo Álbum Preacher Kids Nasceu entre as paredes velhas e reverberantes da House of God Church, em Orange, Nova Jersey. Foi ali, em meio a orações e batidas sagradas, que Robert Randolph encontrou o instrumento que mudaria sua vida. A pedal steel guitar, ou “Sacred Steel”, tornou-se sua voz — e, depois, sua travessia para novos mundos sonoros. A formação de um virtuose As mãos ainda trêmulas de adolescente descobriram nas cordas sutis da steel o pulso do gospel e a emoção ascendente dos cultos pentecostais. A tradição centenária do Sacred Steel — florescendo desde os anos 1930 entre congregações afro-americanas — moldou seu brilho inicial. Com o tempo, Robert levou aquele som aos palcos seculares, cruzando linhas entre church music, blues, rock e funk com elegância explosiva. A estrada até Preacher Kids Depois de anos à frente da Family Band — com indicações ao Grammy, prêmios Emmy e turnês ao lado de lendas como Eric Clapton,...

Chris Cain: A Alma do Blues em "Late Night City Blues"

Imagem
Chris Cain: A Alma do Blues em "Late Night City Blues" Há artistas que não apenas tocam um instrumento — eles o transformam em extensão da própria alma. Chris Cain é um desses raros casos. Nascido em 19 de novembro de 1955, em San José, Califórnia, Cain cresceu cercado por histórias e canções vindas do coração de Memphis, onde seu pai nutria paixão pelo blues e o levou, ainda menino, a assistir a lendas como B.B. King. Aos 8 anos, ganhou sua primeira guitarra. Nunca mais largou. Um Som Entre o Blues e o Jazz Compositor, cantor e multi-instrumentista, Chris Cain construiu uma carreira marcada por técnica sofisticada e profundidade emocional . Seu estilo carrega o peso do blues elétrico, a liberdade do jazz e uma pitada de soul. Influências de gigantes como Albert King, Albert Collins, Ray Charles e Wes Montgomery se misturam a uma personalidade musical única, resultado de décadas de shows, gravações e turnês por todo o mundo. Joe Bonamassa, um dos grandes nomes do bl...

Stevie Ray Vaughan: O Céu ainda Chora

Imagem
Stevie Ray Vaughan: O Céu ainda Chora No dia 26 de agosto de 1990 , o Alpine Valley Music Theatre , em East Troy, Wisconsin, foi palco de uma noite histórica. Sob as estrelas, Stevie Ray Vaughan e sua banda, o Double Trouble , incendiaram o palco com um blues ardente, daqueles que parecem arrancar da guitarra não apenas notas, mas sentimentos profundos. Era o auge de sua carreira, e o guitarrista texano, que havia enfrentado seus próprios fantasmas com álcool e drogas, parecia renascer diante do público, em um espetáculo que reuniu lendas como Eric Clapton, Buddy Guy e Robert Cray. Mas o que começou como celebração se transformaria em tragédia poucas horas depois. Na madrugada de 27 de agosto de 1990 , logo após o concerto, o helicóptero que transportava Vaughan e membros de sua equipe colidiu com uma colina sob neblina espessa. Não houve sobreviventes. O bluesman que havia reinventado a guitarra elétrica, que dava à música uma ferocidade única e ao mesmo tempo uma doçura rara, pa...

Jimi Hendrix em “Slow Blues”: o lampejo final de um alquimista do som

Imagem
Jimi Hendrix em “Slow Blues”: o lampejo final de um alquimista do som Vinte de agosto de 1970, Nova York. A sala principal do Electric Lady respirava cores e curvas enquanto a fita corria. Jimi Hendrix, a Stratocaster ao peito como um animal vivo, desenhou um “Slow Blues” de bolso — pouco mais de um minuto e meio de brasa — antes que a máquina, caprichosa, engasgasse e cortasse o feitiço. Foi um instante: um azulado de madrugada engarrafado em celulóide magnético , desses que dizem mais sobre um artista do que muitas sessões inteiras. Em poucos dias, Jimi atravessaria o Atlântico para o Festival da Ilha de Wight. Em menos de um mês, calaria o mundo aos 27 anos. A sessão de 20 de agosto: quando a fita respira e o blues sangra O registro de “Slow Blues” carrega aquela beleza que só existe no entretempo: a guitarra fala baixo, dobra-se sobre si, procura a nota certa como quem procura um endereço antigo. É um retrato de estúdio sem maquiagem, o blues pelo avesso — timbre gordo, vibr...

Percy Mayfield: A poesia e o blues caminhando juntos

Imagem
Percy Mayfield: A poesia e o blues caminhando juntos Percy Mayfield não foi apenas um cantor e compositor de blues. Ele foi, acima de tudo, um poeta. Conhecido como o “Poet Laureate of the Blues”, transformou as dores da alma humana em melodias sutis, letras profundas e versos que ressoam até hoje. Nascido em 12 de agosto de 1920, em Minden, Louisiana , Mayfield cedo descobriu que a música era o lugar onde a poesia poderia ganhar asas e se tornar eterna. Os primeiros acordes e a ascensão Quando se mudou para Los Angeles em 1942 , levava na bagagem não só seus poemas, mas também uma forma de cantar que fugia do blues cru e direto. Era uma voz suave, quase de crooner, que encontrou nas baladas românticas e nas canções introspectivas o terreno ideal. Em 1947 , lançou Two Years of Torture , seu primeiro grande sucesso, abrindo caminho para o contrato com a Specialty Records em 1950. Foi nesse período que veio a consagração com “Please Send Me Someone to Love” , música que dominou as...

Robert Finley: a voz que bendiz a esperança — blues, alma e redenção

Imagem
Robert Finley: a voz que bendiz a esperança — blues, alma e redenção Robert Finley nasceu em Bernice, Louisiana, em 1954. Sua história é um cântico tardio, uma vitória da fé e do ofício: um artista que atravessou décadas entre o trabalho de carpinteiro, o serviço militar e os quartetos de igreja até reaparecer com força rara, como se cada músculo da voz carregasse memórias de estrada, suor e altar. Primeiros passos, pausas e recomeços Finley comprou a primeira guitarra ainda menino e aprendeu observando os grupos gospel que incendiavam o Sul dos Estados Unidos. No Exército, na década de 1970, acabou se tornando bandleader e guitarrista, rodando a Europa. De volta a casa, conciliou a carpintaria com a música sacra — até que a perda progressiva da visão o afastou dos pregos, mas não das canções. Em 2015, foi redescoberto em uma apresentação de rua e deu-se o reinício: a voz antiga com sede de presente. Estreia tardia que soa urgente: Age Don’t Mean a Thing (2016) Grava...

Shemekia Copeland: A Voz que Mantém o Blues Vivo e Latejante

Imagem
Shemekia Copeland: A Voz que Mantém o Blues Vivo e Latejante Photo by Brad Elligood O blues, como toda arte verdadeira, respira por meio de vozes que carregam a história nas cordas vocais. Poucas artistas da atualidade têm feito isso com a intensidade de Shemekia Copeland . Filha do lendário guitarrista e cantor Johnny Copeland , ela cresceu cercada de guitarras, riffs e canções que falavam de dor, esperança e resistência. Com o tempo, construiu uma carreira sólida, se tornando uma das grandes representantes do blues moderno, sem jamais perder o vínculo com as raízes. Shemekia estreou com brilho no final dos anos 90, quando seu álbum Turn the Heat Up! apresentou ao mundo uma cantora com potência vocal arrebatadora e presença de palco magnética. Desde então, foram discos marcantes, prêmios e turnês que reafirmaram sua relevância no cenário musical. Sua obra mais recente, Blame It On Eve , continua essa trajetória de coragem e inovação, mas hoje voltamos no tempo para destacar um ál...

Left Hand Frank: a mão canhota do South Side que brilhou no Knickerbocker

Imagem
Left Hand Frank: a mão canhota do South Side que brilhou no Knickerbocker Há artistas que atravessam a noite sem pedir licença, deixando apenas o rastro do timbre e da intenção. Left Hand Frank — Frank Craig no batismo — foi um desses bluesmen discretos, raros, que entenderam cedo que o blues também é uma arte de economia : dizer muito com pouco, tocar fundo sem levantar a voz. Em um universo de guitarras em brasa e egos em volume máximo, ele preferiu a estrada lateral, o clube modesto, o fraseado sinuoso. E, graças a um palco fora do eixo, captou seu momento definitivo: Live at the Knickerbocker Cafe . O estilo: frase curta, verdade longa Left Hand Frank não era de pirotecnia. Seu idioma vinha das esquinas do South Side de Chicago , de shuffles que caminham por dentro, slow blues que respiram entre um acorde e outro, e instrumentais que dizem tudo sem pronunciar uma palavra. O ataque de palheta era econômico; o vibrato, paciente; a afinação, conversando com cada sílaba do groov...

Elvin Bishop: o riso do slide e a espinha dorsal do blues

Imagem
Elvin Bishop: o riso do slide e a espinha dorsal do blues Elvin Bishop, blues, Can’t Even Do Wrong Right, Hog Heaven, Ace in the Hole — vida, obra e a arte de soar verdadeiro Elvin Bishop é daqueles músicos que chegam ao palco como quem puxa uma cadeira na varanda e diz: “senta aqui, a gente conversa em doze compassos”. Há algo de leveza, humor e convicção no seu jeito de tocar — uma combinação rara que transforma a guitarra em personagem e o slide em gargalhada boa. Ao longo de décadas, Bishop fez do blues um terreno fértil, ora de estrada poeirenta, ora de salão polido, sempre mantendo um coração blueseiro batendo alto . Em 2014, com Can’t Even Do Wrong Right , ele assina um retorno que soa ao mesmo tempo caseiro e renovado. Mas é importante dizer desde já: se este disco é ápice tardio, há outros momentos igualmente “blueseiros” na discografia, como Hog Heaven (1978) e Ace in the Hole (1995), que fincam estacas profundas na terra do blues — cada um ao seu modo. Raízes...

Jimmy DeBerry: o bluesman que atravessou gerações

Imagem
Jimmy DeBerry: o bluesman que atravessou gerações No vasto panteão do blues, há nomes que brilham como constelações e outros que, embora discretos, sustentam o firmamento com uma luz firme e essencial. Jimmy DeBerry é desses últimos. Um músico que viveu com a dignidade dos sobreviventes e a poesia dos que transformam dor em música. Sua trajetória, marcada pelo blues de Memphis, atravessa décadas de resistência, reinvenção e encontros que deixaram marcas profundas na história do gênero. As raízes de um músico errante Jimmy DeBerry nasceu em 1911, no Arkansas, mas cedo se mudou para Memphis, onde o blues vibrava em cada esquina, em cada botequim esfumaçado, em cada quintal improvisado em palco. Autodidata, aprendeu sozinho a dedilhar o ukulele, o banjo e a guitarra, instrumentos que se tornariam extensão de sua alma. Ainda jovem, conviveu com nomes lendários como Will Shade, Charlie Burse, Frank Stokes e Jack Kelly, absorvendo de cada um um pedaço da tradição oral e melódica que al...

Mose Vinson e Booker T. Laury: Mestres do Piano Blues de Memphis

Imagem
Mose Vinson e Booker T. Laury: Mestres do Piano Blues de Memphis Mose Vinson No coração pulsante do blues, em meio ao calor úmido e às ruas cheias de histórias de Memphis, dois homens fizeram do piano não apenas um instrumento, mas uma extensão de suas almas. Mose Vinson e Booker T. Laury representam a força de uma tradição que resiste ao tempo, a vertente mais visceral e sincera do piano blues. Suas trajetórias, marcadas pela luta, pela demora em serem reconhecidos e pelo vínculo profundo com a cultura popular do sul dos Estados Unidos, se encontram no álbum Memphis Piano Blues Today , uma obra que eterniza a grandeza discreta desses mestres do teclado. Raízes no Mississippi e em Memphis Mose Vinson nasceu em 1917, no Mississippi, cercado pela pobreza e pela dureza do campo, mas também pelos cantos de trabalho, pelos hinos das igrejas e pelas melodias que atravessavam os juke joints. Autodidata, aprendeu a tocar piano ainda menino, desenvolvendo cedo o estilo barrelhouse , che...