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Maurice John Vaughn: o sax, a guitarra e a alma do blues moderno de Chicago

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Maurice John Vaughn: o sax, a guitarra e a alma do blues moderno de Chicago Há músicos que caminham pelas bordas do tempo, transitando entre o passado e o futuro do blues. Maurice John Vaughn é um desses raros artistas. Guitarrista, cantor, saxofonista e compositor, ele nasceu em  Chicago, algumas fontes citam 10 de maio,  outas 6 de novembro de 1952   — a cidade que moldou o som que ele carrega até hoje na alma. Sua trajetória é a de um músico inquieto, que aprendeu cedo a dialogar com o coração do blues e a mente do funk, o corpo do soul e o espírito urbano que pulsa nas esquinas da Windy City. O início de uma jornada Antes de se tornar uma figura respeitada na cena blues de Chicago, Vaughn estudou música e trabalhou como saxofonista em bandas locais de R&B e soul . Essa formação multifacetada seria fundamental para o que viria a seguir. No fim dos anos 1970, ele começou a se destacar acompanhando nomes lendários como A.C. Reed e Luther Allison , absorv...

Floyd Dixon: o “Mr. Magnificent” do Jump Blues

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Floyd Dixon: o “Mr. Magnificent” do Jump Blues Floyd Dixon foi um pianista e cantor de rhythm and blues cuja energia no piano e a voz direta ajudaram a desenhar a ponte entre o jump blues e o R&B que dominaria as décadas seguintes. Nascido no Texas e forjado nas ruas e salões de Los Angeles, Dixon tornou-se uma figura essencial do piano eletrizante que embalava danças, rádios e jukeboxes. Este texto traça sua trajetória, destaca seus grandes momentos e recorda a sua morte, respeitando o ritmo e a poesia do blues. Das raízes em Marshall ao piano urbano Floyd Dixon nasceu em Marshall, no Texas, em 8 de fevereiro de 1929, e cresceu imerso nas sonoridades do sul dos Estados Unidos: o gospel, o blues rural e as primeiras pulsações do jazz e da música country. Ainda menino, aprendeu a tocar observando músicos locais e frequentando festas e reuniões onde o piano era tanto instrumento quanto confessionário. Em 1942, já na adolescência, sua família mudou-se para Los Angeles, mudança que...

Lazy Lester: o mestre do “swamp blues” sem pressa

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Lazy Lester: o mestre do “swamp blues” sem pressa No âmago da Louisiana alagadiça, onde o cypress se dobra ao som da maré e a harmónica chora em ritmo lento, emerge a figura de Lazy Lester (nascido Leslie Johnson). Entre o barro e o brilho das luzes de estúdio, sua história ­– marcada por êxitos, abandono e retorno – revela o espírito errante e essência genuína do blues americano. infância e raízes: da fazenda à harmónica Leslie Johnson nasceu em 20 de junho de 1933, em Torras, Louisiana, pequena comunidade próxima de Baton Rouge. Filho de agricultores, cresceu em um cenário rural, onde o som dos ciprestes e o canto dos pássaros talvez fossem a primeira banda sonora de sua vida. Ainda jovem, trabalhou em postos de gasolina, cortando lenha ou no comércio de bairro, enquanto absorvia os estilos que formariam sua paleta musical: o blues urbano de Little Walter, o country de Jimmie Rodgers e o zydeco/cajun que vibrava nas redondezas da Louisiana.  Foi por acaso que Lester subiu no ônib...

James Peterson: o blues no sangue e na alma

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James Peterson: o blues no sangue e na alma Hoje, no Todo Dia Um Blues , celebramos o nascimento de um homem que viveu e respirou o blues até o último acorde: James Peterson . Guitarrista, cantor, compositor e dono de uma presença magnética, ele foi mais que o pai de Lucky Peterson — foi um daqueles artistas que mantiveram acesa a chama do blues em tempos de mudança. Sua vida, marcada por suor, fé e cordas tensas, é um testemunho do que significa ser fiel à essência desse gênero. As raízes e o início da jornada Nascido em 4 de novembro de 1937 , em Russell County, Alabama, James cresceu imerso na tradição do gospel e das canções de lamento do sul. Quando jovem, seguiu o caminho da música com a naturalidade de quem atende a um chamado espiritual. Com a guitarra nas mãos, percorreu igrejas, bares e esquinas, aprendendo com cada nota que o blues é tanto dor quanto redenção. Nos anos 1960, já instalado em Buffalo, Nova York, abriu o lendário Governor’s Inn , um clube que se tornari...

Laura Cox: a guitarra que desafia as tempestades

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Laura Cox: a guitarra que desafia as tempestades Entre os relâmpagos do rock e o coração pulsante do blues, surge Laura Cox — uma das guitarristas mais incendiárias e autênticas da cena contemporânea. Filha de mãe francesa e pai britânico, ela nasceu em 24 de novembro de 1990, trazendo em seu sangue o encontro entre duas margens culturais. Desde cedo, aprendeu que a guitarra podia ser um refúgio, uma arma e uma confissão. E transformou tudo isso em som. Das cordas da internet aos palcos do mundo A história de Laura Cox é, antes de tudo, uma história de coragem e liberdade criativa . Aos 14 anos, ela pegou uma guitarra e nunca mais largou. Em 2008, ainda adolescente, começou a publicar vídeos de covers no YouTube, tocando clássicos de AC/DC , ZZ Top e Dire Straits . O público percebeu algo diferente ali: não era apenas técnica, era alma bluesy , emoção pura vibrando em cada bend e vibrato. O sucesso digital rapidamente transbordou para o mundo real. Em 2013, Laura fundou a Lau...

Little Johnny Jones: Entre brigas, bares e boogies

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Little Johnny Jones: Entre brigas, bares e boogies  Há nomes no blues que parecem deslizar entre as notas e os becos da história, sem o devido brilho das manchetes. Little Johnny Jones é um desses mestres escondidos — um pianista que ajudou a definir o som elétrico de Chicago e que deixou, em cada acorde, o rastro da alma do Mississippi. Nascido em 1º de novembro de 1924, em Jackson , e falecido em 1964, Jones foi o elo entre o blues do campo e a energia urbana que transformaria o gênero para sempre. Das margens do Mississippi às esquinas de Chicago Filho de uma família simples e musical, Jones começou tocando harmônica, mas foi ao piano que encontrou sua verdadeira voz. A migração para Chicago, em meados dos anos 1940, mudou tudo. Era o auge da transformação: guitarras elétricas ganhavam espaço, e o blues rural ganhava novas cores e intensidades. Jones chegou com a bagagem certa — o toque visceral de quem nasceu ouvindo o eco dos campos e a vontade de colocar o blues em movi...

Roomful of Blues: uma big band que mantém o swing vivo

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Roomful of Blues: uma big band que mantém o swing vivo Desde o final dos anos 1960, o Roomful of Blues é uma das formações mais duradouras e respeitadas do cenário do rhythm and blues norte-americano. Nascida em Providence, Rhode Island, a banda soube construir uma sonoridade inconfundível, equilibrando o poder de uma big band com a energia crua do blues de raiz. A combinação é explosiva, repleta de sopros, grooves e um repertório que atravessa décadas sem perder a vitalidade. As origens e a essência do swing O embrião do Roomful of Blues surgiu em 1967, quando o guitarrista Duke Robillard e o tecladista Al Copley decidiram tocar o blues que amavam, inspirado por artistas como T-Bone Walker, Count Basie e Big Joe Turner. O nome da banda — “um quarto cheio de blues” — refletia bem a ideia: uma formação numerosa, vibrante, com uma parede sonora de metais e ritmos pulsantes. Logo a banda chamou atenção na Nova Inglaterra e começou a se destacar nacionalmente por seu som ao mesmo t...