Shemekia Copeland: A Voz que Mantém o Blues Vivo e Latejante

Shemekia Copeland: A Voz que Mantém o Blues Vivo e Latejante


Photo by Brad Elligood


O blues, como toda arte verdadeira, respira por meio de vozes que carregam a história nas cordas vocais. Poucas artistas da atualidade têm feito isso com a intensidade de Shemekia Copeland. Filha do lendário guitarrista e cantor Johnny Copeland, ela cresceu cercada de guitarras, riffs e canções que falavam de dor, esperança e resistência. Com o tempo, construiu uma carreira sólida, se tornando uma das grandes representantes do blues moderno, sem jamais perder o vínculo com as raízes.

Shemekia estreou com brilho no final dos anos 90, quando seu álbum Turn the Heat Up! apresentou ao mundo uma cantora com potência vocal arrebatadora e presença de palco magnética. Desde então, foram discos marcantes, prêmios e turnês que reafirmaram sua relevância no cenário musical. Sua obra mais recente, Blame It On Eve, continua essa trajetória de coragem e inovação, mas hoje voltamos no tempo para destacar um álbum que marcou sua carreira: Outskirts of Love, lançado em 2015 pela Alligator Records.

Outskirts of Love: Blues, Dor e Resistência

Outskirts of Love é daqueles álbuns que não apenas se ouve — ele se sente. Aqui, Shemekia empresta sua voz a personagens e histórias que vivem à margem: amores desfeitos, batalhas internas, a luta diária pela sobrevivência. Com produção de Oliver Wood, o disco costura canções originais e versões de clássicos, sempre com a intensidade emocional que marca a cantora.

A faixa-título, Outskirts of Love, abre o álbum com força narrativa, falando de vidas vividas no limite. Já Crossbone Beach e Devil’s Hand trazem o peso do blues elétrico, enquanto Cardboard Box emociona ao abordar a dura realidade da pobreza urbana. Covers como The Battle is Over (But the War Goes On) e I Feel a Sin Coming On reforçam o caráter social do disco, conectando a obra de Shemekia a um legado de protesto e consciência.

Faixas do álbum Outskirts of Love

  • Outskirts of Love
  • Crossbone Beach
  • Devil’s Hand
  • The Battle is Over (But the War Goes On)
  • Cardboard Box
  • Drivin’ Out of Nashville
  • I Feel a Sin Coming On
  • Isn’t That So
  • Jesus Just Left Chicago
  • Long As I Can See the Light
  • Wrapped Up in Love Again
  • Lord, Help the Poor and Needy


Temas e Colaborações

Um dos pontos altos do álbum é a forma como Shemekia mescla histórias pessoais e coletivas. Sua interpretação de Long As I Can See the Light, de John Fogerty, traz um lirismo melancólico, enquanto Jesus Just Left Chicago, do ZZ Top, ganha nova vida em sua voz. Participações de nomes como Billy Gibbons, Alvin Youngblood Hart e Robert Randolph adicionam camadas sonoras ao trabalho, sem jamais tirar o protagonismo da cantora.

O disco também dialoga com diferentes gêneros: blues, gospel, soul e até country aparecem em doses precisas, costuradas pela voz que ora sussurra, ora explode em emoção.

Legado e Futuro

Com Outskirts of Love, Shemekia Copeland reafirmou seu lugar como uma das vozes mais poderosas e relevantes do blues contemporâneo. O álbum recebeu indicações a prêmios importantes, conquistou a crítica e solidificou a artista como herdeira legítima da tradição blues, sem deixar de olhar para frente.

Hoje, com Blame It On Eve, ela continua ampliando fronteiras e provando que o blues não é um gênero preso ao passado, mas uma arte viva, pulsante, que fala ao presente e aponta para o futuro.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcos Ottaviano And His Blues Band: 35 Anos de Carreira

Ain’t Done With The Blues: Buddy Guy aos 89 Anos Ainda Toca com o Coração em Chamas

Nuno Mindelis: Blues, não só para o Brasil!