Nick Moss: O Guitarrista de Chicago que Mantém o Blues Vivo

Foto: Sven-Erik

O cenário do blues de Chicago é conhecido por revelar talentos que mantêm viva a chama desse gênero tão autêntico e poderoso. Entre esses nomes de peso está Nick Moss, guitarrista, vocalista e compositor que carrega com orgulho a tradição do blues, sem deixar de imprimir sua personalidade e energia contemporânea.

Neste artigo, você vai conhecer mais sobre a trajetória de Nick Moss, suas contribuições para o blues, parcerias importantes, e deixo como destaque o premiado álbum "Lucky Guy!" (2019), gravado ao lado do gaitista Dennis Gruenling, lançado pela icônica Alligator Records.

Nick Moss: Da Escola dos Mestres ao Protagonismo

Nick Moss nasceu em Chicago, cidade que respira blues, e começou sua carreira musical de forma curiosa: como baixista. Nos anos 90, rapidamente se destacou no circuito do blues de Chicago, tocando com grandes mestres como Buddy Scott, Jimmy Dawkins e a Legendary Blues Band, grupo formado por ex-integrantes da banda de Muddy Waters.

Mas foi com o lendário Jimmy Rogers, guitarrista que fez história ao lado de Muddy Waters, que Moss viveu uma transformação decisiva. Rogers percebeu seu talento com as cordas e incentivou Nick a deixar o baixo para assumir a guitarra — decisão que moldou definitivamente sua carreira.

Ao longo dos anos, Nick Moss não apenas se consolidou como guitarrista, mas também como produtor e líder de banda. Um dos seus trabalhos de produção mais notáveis foi no álbum "Midnight Blues" (1996), do saudoso Magic Slim, um dos ícones do Chicago Blues.

A Formação da Nick Moss Band

Após anos acompanhando grandes nomes, Nick decidiu criar seu próprio grupo, a Nick Moss Band, que rapidamente se tornou uma das mais respeitadas do circuito blues internacional. Misturando Chicago Blues tradicional com elementos de jump blues, rockabilly e até soul, a banda mostra um som dinâmico, que respeita a tradição, mas olha para o futuro.

Nos últimos anos, Moss firmou uma parceria poderosa com o gaitista Dennis Gruenling, especialista no jump blues e no rhythm and blues das décadas de 40 e 50. Juntos, eles elevaram ainda mais o patamar da banda, conquistando público e crítica.

Lucky Guy! (2019): Tradição e Energia no Blues Contemporâneo

Em 2019, Nick Moss e Dennis Gruenling lançaram, pela Alligator Records, o álbum "Lucky Guy!", um dos trabalhos mais celebrados da carreira de ambos. Este disco não só consolidou a parceria como também rendeu prêmios e reconhecimento mundial.

Com 14 faixas, Lucky Guy! é uma verdadeira celebração do Chicago Blues elétrico, recheado de solos incendiários, grooves poderosos e muito swing. Nick Moss brilha tanto nos vocais quanto na guitarra, entregando performances cheias de alma e intensidade, enquanto Dennis Gruenling rouba a cena em muitos momentos com sua gaita precisa, agressiva e cheia de personalidade. Vale destacar as faixas "Lucky Guy", "Sanctified, Holy And Hateful", "Tell Me There's Nothing Wrong" e a minha preferida do álbum, a divertidíssima "Me and My Friends".

O que diz a crítica?

O site Blues Blast Magazine destacou que Lucky Guy! "é um álbum que captura o espírito do Chicago Blues de maneira autêntica, mas sem soar preso ao passado". Já a respeitada AllMusic elogiou a química entre Moss e Gruenling, descrevendo o álbum como "um dos melhores registros de blues elétrico da década".

O trabalho foi tão bem recebido que ganhou o Blues Music Award de Melhor Álbum de Blues Tradicional em 2020, além de diversas indicações em outras categorias.

Nick Moss Mantém o Blues Vivo e Atual

Se há algo que define Nick Moss é sua capacidade de honrar os mestres que vieram antes, sem abrir mão de sua própria identidade artística. Seja como guitarrista, produtor ou líder da Nick Moss Band, ele se mantém como um dos nomes mais relevantes do blues contemporâneo.

Álbuns como Lucky Guy! não apenas preservam a tradição do blues de Chicago, mas também mostram como esse gênero continua mais vivo do que nunca. Para quem ama o blues — seja purista ou aberto às novas abordagens —, Nick Moss é uma referência indispensável.