Ain’t Done With The Blues: Buddy Guy aos 89 Anos Ainda Toca com o Coração em Chamas

Ain’t Done With The Blues: Buddy Guy aos 89 Anos Ainda Toca com o Coração em Chamas



Hoje, 30 de julho de 2025, Buddy Guy completa 89 anos e nos presenteia com o lançamento do álbum "Ain’t Done With The Blues". Em pleno vigor, ele reafirma sua missão de manter vivo o som que aprendeu nas plantações, lapidou em Chicago e espalhou pelo mundo. Esta é a segunda parte de nossa homenagem a esse gênio indomável do blues. Leia a primeira parte aqui!

O renascimento nos anos 90

Após anos longe dos holofotes, Buddy voltou com força total em 1991 com o álbum "Damn Right, I’ve Got the Blues". Com participações de Jeff Beck, Eric Clapton e Mark Knopfler, o disco foi um soco na indiferença da indústria e lhe rendeu um Grammy. Era o começo de uma fase de consagração tardia e cheia de brilho.

Vieram em seguida álbuns como "Feels Like Rain" (1993), "Sweet Tea" (2001), "Skin Deep" (2008), "Living Proof" (2010) e "Born to Play Guitar" (2015). Em cada um deles, Buddy misturou fúria e ternura, pegada moderna e raiz profunda. O blues que ele toca é atemporal.

Reconhecimento e legado

A partir dos anos 2000, Buddy colecionou prêmios: vários Grammys, o Kennedy Center Honors e a National Medal of Arts. Foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame em 2005, consagrado como um dos pilares do blues moderno.

Fundou o Buddy Guy's Legends, em Chicago, um clube que se tornou santuário do blues e palco para novas gerações. De lá, Buddy segue formando músicos e inspirando jovens como Christone "Kingfish" Ingram e Quinn Sullivan.



O álbum "Ain’t Done With The Blues" (2025)

Liberado hoje, o álbum é um manifesto de vitalidade e paixão. Com 18 faixas, traz parcerias de peso e composições afiadas. O título já avisa: "Ainda não terminei com o blues".

Destaques:

  • "Blues Chase the Blues Away" – single impactante, um hino de resistência emocional.
  • "Where You At" (com Kingfish) – dois gigantes de gerações diferentes, unidos pela fé no blues.
  • "Dry Stick" e "It Keeps Me Young" (com Joe Bonamassa) – peso e sofisticação nas guitarras.
  • "Jesus Loves the Sinner" (com The Blind Boys of Alabama) – espiritualidade crua e emocionante.
  • "One From Lightnin'" – uma homenagem direta a Lightnin' Hopkins, seu herói de infância.

O disco também traz momentos de leveza, humor e reflexão, como em "Love On a Budget" e "Talk to Your Child". É um Buddy Guy completo, pleno, consciente de sua idade e do seu legado, mas ainda com a guitarra em punho.

Um mestre eterno

Buddy Guy é o último dos titãs do blues em atividade. Viu seus amigos e rivais partirem, viu o mundo mudar, mas ele permaneceu. Com a mesma voz rouca e sorriso maroto, segue nos ensinando que o blues não é tristeza: é sobrevivência.

Que privilégio testemunhar Buddy Guy em vida, ainda queimando as cordas com paixão adolescente, ainda nos lembrando que o blues não tem idade. Como ele mesmo disse: "You damn right, I’ve got the blues".

Feliz aniversário, Buddy. E obrigado pelo blues nosso de cada dia.


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