Omar Kent Dykes: A Energia Crua do Blues Texano
Poucos artistas personificam tão bem a alma do blues sulista como
Omar Kent Dykes. Nascido em
24 de janeiro de 1950, em McComb, Mississippi, Dykes cresceu cercado pelas raízes profundas do blues do Delta. Com uma voz grave e marcante, riffs cortantes e uma energia crua, ele transformou sua dor em potência sonora e se tornou um dos pilares do blues texano moderno à frente da banda
Omar & the Howlers.
Início precoce e fundação dos Howlers
Dykes começou a tocar guitarra aos 7 anos e formou sua primeira banda aos 12. Em 1973, ainda no Mississippi, fundou o grupo que viria a se tornar os Omar & the Howlers. Sua busca por novos públicos e sons mais vibrantes o levou a se mudar para
Austin,
Texas, em 1976 — cidade que o adotaria como um de seus ícones musicais. A formação da banda se consolidou com ele no comando e um som que fundia o blues tradicional com o rock elétrico sulista.
O sucesso com “Hard Times in the Land of Plenty”
Após anos de estrada e shows explosivos, o grupo alcançou reconhecimento nacional com o álbum "
Hard Times in the Land of Plenty", lançado em 1987 pela
Columbia Records. O disco vendeu mais de 500 mil cópias, impulsionado pelo hit homônimo e por uma sonoridade que combinava o peso do blues com pegadas dançantes, riffs sujos e letras afiadas. Era a voz do sul profundo reinventada com energia urbana e elétrica.
Carreira solo e álbuns de tributo
Paralelamente ao trabalho com os Howlers, Omar Dykes seguiu com projetos solo e parcerias marcantes. Álbuns como "
Blues Bag" (1991) e "
Muddy Springs Road" (1994) mostraram sua versatilidade como compositor e intérprete. Ele também prestou tributo a ídolos do blues em trabalhos como "
Runnin' with the Wolf" (2013), homenagem a
Howlin’ Wolf, e "
On the Jimmy Reed Highway" (2007), ao lado de
Jimmie Vaughan, exaltando o legado do lendário Jimmy Reed.
Reconhecimento e resistência
O talento de Omar foi celebrado com sua inclusão no
Austin Music Hall of Fame, uma honraria mais do que merecida para quem ajudou a moldar a identidade sonora da capital texana. Contudo, sua trajetória também foi marcada por batalhas fora dos palcos.
Em 2017, Dykes foi diagnosticado com uma rara e agressiva condição de pele que comprometeu seriamente seus braços, exigindo tratamento com esteroides e antibióticos. Apesar da remissão da doença, ele ficou com sequelas que limitaram sua capacidade de tocar guitarra como antes. Músicos da cena de Austin organizaram um show beneficente em 2018 para ajudá-lo com os custos médicos — um sinal claro do respeito e carinho que conquistou ao longo da carreira.
Força, fúria e legado
Mesmo com as limitações físicas, Omar Dykes não parou. Em 2020, lançou sua autobiografia "
The Life and Times of a Poor and Almost Famous Bluesman", e em 2023 retornou aos estúdios com o álbum "
What’s Buggin’ You?", mantendo viva sua paixão pelo blues e sua voz rouca, inconfundível.
“On the Jimmy Reed Highway”: um tributo com alma
Entre seus projetos mais memoráveis está "
On the Jimmy Reed Highway", lançado em 2007 em parceria com o guitarrista
Jimmie Vaughan. O álbum é uma ode sincera e poderosa a um dos mestres do blues shuffle,
Jimmy Reed. Com interpretações cheias de balanço e respeito, Omar e Jimmie revivem clássicos como "
Baby What You Want Me to Do" e "
Bright Lights, Big City", misturando reverência com vigor contemporâneo.
Esse disco não só reafirma o amor de Dykes pelas raízes do blues, como também prova que, mesmo ferido, ele continua sendo uma força da natureza. Um verdadeiro lobo velho do blues texano que uiva alto, mesmo quando a estrada fica difícil.
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