Jimmy D. Lane: um herdeiro do blues de Chicago
Jimmy D. Lane: um herdeiro do blues de Chicago
Por Todo Dia Um Blues
Filho de lenda, discípulo de gigantes e dono de um talento que brilha por si só — Jimmy D. Lane carrega nas veias a alma elétrica do blues de Chicago, mas é com os dedos que escreve sua própria história. Guitarrista de alma incendiária, Lane une tradição e renovação em uma trajetória que impressiona pela autenticidade e pela reverência às raízes.
De pai para filho: o blues no DNA
Nascido em 4 de julho de 1965 em Chicago, Jimmy D. Lane é filho do lendário Jimmy Rogers, um dos arquitetos do blues urbano ao lado de Muddy Waters e Little Walter. Crescer naquele ambiente era como viver dentro de uma enciclopédia viva do blues. As visitas em casa incluíam nomes como Howlin' Wolf, Willie Mabon e Albert King. Mas o verdadeiro despertar veio ao ouvir "Hey Joe", na versão explosiva de Jimi Hendrix. Foi ali que o jovem Jimmy percebeu que o blues podia ser ancestral e revolucionário ao mesmo tempo.
Entre fardas e acordes: o renascimento de um guitarrista
Antes de se lançar profissionalmente, Lane serviu no Exército dos EUA. Mas o chamado da música foi mais forte. De volta à vida civil, assumiu a guitarra da banda do pai e logo formou seus próprios projetos, como os grupos The Hurricanes e Blue Train Running. A mistura de blues tradicional com pegada contemporânea fez dele um nome requisitado em palcos da Europa e dos Estados Unidos.
Nos anos 1990, Jimmy D. Lane já circulava em festivais e estúdios ao lado de gigantes. Foi convidado para se apresentar em eventos transmitidos pela BBC, participou do Chicago Blues Festival e gravou ao lado de Eric Clapton, Mick Jagger, Keith Richards, B.B. King, Jeff Healey, e até a Double Trouble, a banda que acompanhava Stevie Ray Vaughan.
Discografia com identidade e emoção
Lane não é só um exímio guitarrista: ele é também um compositor inspirado. Seu disco de estreia, Sir Real (1995), já demonstrava segurança e maturidade. Mas foi com Long Gone (1997) e Legacy (1998) — este último uma homenagem direta ao pai — que Jimmy consolidou sua sonoridade: riffs cortantes, solos cheios de feeling e uma voz que transborda emoção.
Em 2004, o lançamento de It’s Time elevou sua carreira a outro patamar. Produzido por Eddie Kramer (o mesmo de Hendrix e Zeppelin), e com a Double Trouble como banda de apoio, o álbum é uma declaração de amor ao blues moderno, com influências visíveis de SRV, mas sempre com o toque pessoal de Lane.
Um nome respeitado por gigantes
Jimmy D. Lane não é apenas mais um nome na linhagem do blues. Ele é um elo forte entre gerações. Foi elogiadíssimo por Eric Clapton, que o chamou de "guitarrista incrível". Recebeu homenagens de Bob Margolin, guitarrista da banda de Muddy Waters. E em 2013, entrou para o Chicago Blues Hall of Fame, reconhecimento mais do que merecido por sua contribuição à cultura blues.
Além dos álbuns solo, Lane também participou de projetos especiais, como o DVD Experience Hendrix, onde homenageia seu maior ídolo com respeito e fogo nas cordas.
Um futuro ancorado na tradição
Jimmy D. Lane segue ativo, seja em turnês internacionais, gravações em estúdio ou aparições em festivais dedicados ao blues. Seu estilo mistura a eletricidade urbana de Chicago com a liberdade psicodélica de Hendrix e a intensidade emocional de Stevie Ray Vaughan. Não por acaso, seus shows são experiências transformadoras para quem ama a guitarra como canal de expressão.
Mais do que carregar o sobrenome de um pioneiro, Jimmy D. Lane é um construtor de pontes entre o passado e o futuro do blues. Com honestidade, técnica e alma, ele mantém a chama acesa — não como quem revive o passado, mas como quem escreve o próximo capítulo.
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