Taj Mahal & Keb’ Mo’ – “Room on the Porch”: Blues, Alma e Tradição Renovada

Taj Mahal & Keb’ Mo’ – “Room on the Porch”: Blues, Alma e Tradição Renovada



Em 2017, o encontro de dois gigantes do blues contemporâneo — Taj Mahal e Keb' Mo' — resultou no premiado álbum “TajMo”, que arrebatou o Grammy de Melhor Álbum de Blues Contemporâneo. Agora, em 2025, eles repetem a dose com “Room on the Porch”, um trabalho que honra as raízes do blues, mas se abre generosamente para outras influências, como soul, jazz e R&B.

O álbum vem sendo descrito por críticos como uma celebração da música afro-americana em sua forma mais pura e, ao mesmo tempo, inovadora. É uma obra que reverencia o passado, dialoga com o presente e planta sementes para o futuro do blues.


Quem São Taj Mahal e Keb' Mo'?


Taj Mahal: O Guardião dos Sons do Mundo


Com uma carreira que atravessa mais de cinco décadas, Taj Mahal é muito mais do que um blueseiro. É um verdadeiro embaixador da música afro-diaspórica. Multi-instrumentista, cantor, compositor e pesquisador, Taj funde blues, reggae, música do Caribe, África Ocidental e até elementos do folk e do country americano. Sua discografia é um passeio por sonoridades diversas, sempre ancoradas na alma do blues.


Keb' Mo': O Blues Moderno com Raízes Profundas


Keb' Mo', nome artístico de Kevin Roosevelt Moore, é um dos maiores representantes do blues contemporâneo. Com uma pegada que mistura tradição e modernidade, seu estilo traz influências do delta blues, folk, soul e pop. Além de excelente guitarrista, é um cantor carismático, com uma voz calorosa que atravessa gerações. Ao longo da carreira, acumulou quatro Grammys e o respeito tanto de puristas quanto de novos fãs do blues.



“Room on the Porch”: Uma Nova Conversa Sobre Velhas Tradições


Se em “TajMo” o clima era de reencontro e celebração, em “Room on the Porch” a dupla aprofunda a parceria e amplia os horizontes. O disco é uma ode às conversas de varanda — aquelas cheias de histórias, risadas, memórias e, claro, música.


Sonoridade e Influências


O álbum traz uma sonoridade que flerta com o soul de Stevie Wonder, a doçura e o swing de Louis Armstrong e até nuances poéticas e espirituais que lembram Van Morrison. É um trabalho onde o blues se mistura naturalmente com jazz, R&B e até gospel.

Logo na primeira audição, percebe-se um cuidado especial nos arranjos, que soam ao mesmo tempo modernos e carregados de tradição. As guitarras acústicas e elétricas dialogam com sopros elegantes, linhas de baixo encorpadas, bandolim, banjo, gaita, ukulele  e vocais cheios de alma.


Participações Especiais


Um dos destaques do álbum é a presença de John Oates (da dupla Hall & Oates), que empresta seus backing vocals em “She Keeps Me Moving” e a emocionante versão de “Nobody Knows You When You're Down and Out”, clássico escrito por Stevie Cox e eternizado por Nina Simone, aqui revigorado com uma pegada que mistura blues, jazz e soul.

Vale ainda destacar “Better Than Ever” (com Wendy Moten) e ou a própria faixa de abertura, "Room On the Porch" (com Taj Mahal, Keb' Mo' e Ruby Amanfu).

Outros músicos de peso também marcam presença: Anton Nesbit (baixo), Brian Allen (contrabaixo), David Rodgers (órgão Hammond/sintetizador), Jimmy Nichols (órgão Hammond/Wurlitzer), K. Roosevelt (bateria/baixo), Keio Stroud (bateria), Jenee Fleenor (violino), Billy Branch (gaita), Jeff Coffin (sax), John Oates, Robbie Brooks Moore, Lauren Lucas, Michael B. Hicks, Ron Poindexter e Gene Miller.


Produção e Críticas


A produção ficou a cargo da própria dupla e o álbum foi gravado por Zach Allen no Stu Stu Studio, Franklin TN e Casey Wasner no Addiction Sound Studios, Nashville, TN.

A crítica especializada recebeu “Room on the Porch” de forma extremamente positiva. A revista DownBeat destacou que o álbum é “uma aula de como tradição e modernidade podem andar de mãos dadas no blues”. Já a Mojo Magazine descreveu o trabalho como “um abraço sonoro que aquece a alma”.

O site AllMusic elogiou especialmente a química entre Taj Mahal e Keb' Mo': “Poucas parcerias no blues contemporâneo soam tão genuínas, divertidas e emocionalmente ricas quanto esta.”


Conclusão


Room on the Porch” não é apenas um disco de blues — é uma celebração da música como expressão de vida, resiliência e alegria. Taj Mahal e Keb' Mo' provam mais uma vez que o blues é uma linguagem viva, que se renova sem perder suas raízes.

Se você ama blues, soul e boa música, este álbum merece estar na sua coleção e, claro, na trilha sonora dos seus melhores momentos.


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