Dudley Taft: A força do blues rock com alma grunge
Dudley Taft: A força do blues rock com alma grunge
Na linha tênue entre o peso do rock moderno e a raiz visceral do blues tradicional, surge um nome que desafia rótulos: Dudley Taft. Com uma trajetória que cruza Seattle, Cincinnati e a República Tcheca, esse guitarrista, compositor e vocalista construiu uma carreira sólida ao fundir as melodias do Delta com a crueza do grunge e a intensidade do blues rock contemporâneo.
Origens e vida pessoal
Nascido em Washington D.C., Dudley Taft é descendente direto do ex-presidente americano William Howard Taft. Mas ao invés de seguir caminhos políticos, escolheu as guitarras e os palcos. Cresceu em Cincinnati, Ohio, onde começou a explorar o universo da música ainda jovem. Mais tarde, mudou-se para Seattle, cidade que se tornaria fundamental para sua formação artística.
Lá, em meio ao boom do grunge nos anos 1990, Taft absorveu a estética crua e densa do movimento, que mais tarde misturaria com suas raízes no blues. Além da música, Dudley é conhecido por sua paixão por antiguidades e por manter um estúdio de gravação próprio, o M.O.B. Studios, localizado em uma igreja centenária em Cincinnati.
As bandas: Sweet Water, Second Coming, Omnívoro e Dudley Taft Band
Antes de seguir carreira solo, Taft participou de diversas bandas importantes da cena rock:
Sweet Water: No início dos anos 90, Dudley integrou essa banda de Seattle que flertava com o grunge e o power pop. Apesar do som mais acessível, já era possível notar seu talento com a guitarra.
Second Coming: Em 1995, Dudley assumiu a guitarra solo da Second Coming, grupo mais pesado, com forte influência de Alice in Chains. Com eles, Taft gravou um álbum homônimo lançado pela Capitol Records, que teve relativo sucesso nas rádios de rock alternativo.
Omnívoro: Após sair da Second Coming, Taft formou o Omnívoro, projeto mais experimental que explorava novas sonoridades, ainda misturando o peso do rock com improvisações que prenunciavam seu mergulho definitivo no blues.
Dudley Taft Band: Foi a partir de 2010 que Dudley decidiu focar em seu próprio nome. Sua banda autoral permitiu que ele encontrasse a voz definitiva que procurava: riffs pesados, grooves blueseiros e letras introspectivas. Seus álbuns, lançados por selos independentes, conquistaram espaço tanto nos EUA quanto na Europa.
The Speed of Life – Um blues rock cosmopolita e visceral
Novíssimo, The Speed of Life marca o décimo trabalho de estúdio de Dudley Taft e simboliza a maturidade artística de um guitarrista que nunca parou de evoluir. Gravado em parte na República Tcheca, o álbum reflete o espírito itinerante da Dudley Taft Band, que passou por diversos países da Europa durante a turnê que antecedeu as gravações.
A formação que participou do disco inclui Nick Owsianka na bateria, Dave Marks (coprodutor) no baixo, teclados e percussão, o tecladista Bennett Holland, além das backing vocals Ashley Charmae e Gina McCann. O resultado é um som encorpado, que alterna momentos de intensidade e introspecção com grande equilíbrio. Na primeira audição gostei muito das faixas Miles And Miles To Go, Pretty Little Thing, Into The Blue, Work It Out e Burn It Down. É um disco com muitas camadas e uma sonoridade incrível. Creio que ficará por um bom tempo rolando nas caixas aqui em casa.
Conclusão
Dudley Taft é um artista singular no cenário do blues rock. Ao longo dos anos, ele soube incorporar as influências do grunge, do hard rock e do blues raiz de maneira orgânica e pessoal. The Speed of Life representa não só a velocidade com que o tempo passa, mas também a fluidez com que Taft transita entre estilos e gerações. Um disco imperdível para quem gosta de guitarras afiadas, letras honestas e emoção em estado bruto.
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