Roy Buchanan: O Som Cortante de uma Telecaster

Foto: Paul Natkin via Getty Images

A primeira vez que ouvi um disco de Roy Buchanan fiquei impressionado com o timbre da sua Fender Telecaster, os solos agudos e viscerais, o uso do botão de volume nas palhetadas. O cara era incrível e, até hoje, é reverenciado por guitarristas de peso, como Joe Bonamassa. Dizem, os apaixonados pela Tele, que Roy elevou a guitarra de Leo Fender ao nível de um violino Stradivarius. Seu modelo 1953, foi apelidado de Nancy, e a guitarra se tornou tão lendária quanto o próprio guitarrista.

Roy Buchanan, nasceu em Ozark, Arkansas, em 1939, começou a sua carreira aos 15 anos tocando com Johnny Otis e trabalhou como músico de sessão e sideman para diversos artistas, incluindo Freddy Cannon e Merle Kilgore. No entanto, foi nos anos 70 que passou a ganhar destaque como artista solo, com o lançamento de seu álbum homônimo "Roy Buchanan" (1972), pela Polydor Records. 

Este álbum inclui composições próprias de Roy - duas instrumentais cortantes, que eu gosto muito:  "John's Blues" e "Pete's Blue" - "Cajun" , "The Messiah Will Come Again" e músicas de outros compositores, como a lindíssima faixa de abertura, "Sweet Dreams" de Don Gibson ou "Hey Good Lookin", de Hank Williams que fecha  a sequência. Coloque o disco pra tocar e você vai ouvir blues, baladas, country music e rockabilly, mas com a guitarra de Buchanan costurando tudo isso, num estilo inconfundível.

Uma história interessante na carreira de Roy Buchanan, é que ele foi convidado, por Keith Richards, a integrar os Rolling Stones, mas recusou, preferindo continuar sua carreira solo em vez de ocupar o lugar deixado por Mick Taylor. Nunca li nada sobre o motivo que o fez declinar, talvez o desejo de seguir o próprio caminho ou evitar um estilo de vida que traria mais excessos.

Roy Buchanan enfrentou muitos problemas com drogas e álcool, que afetaram sua carreira e saúde ao longo dos anos. Em 1988, ele foi preso por uma briga familiar e, trágica e misteriosamente, foi encontrado morto na cela, enforcado na própria camisa. A causa oficial foi suicídio, mas muitos fãs e amigos  questionam essa versão, acreditando que ele tenha sido vítima de um erro ou de uma conspiração.

Hoje escolhi ouvir  o álbum "Roy Buchanan" de 1972, mas vou seguir dando play e te aconselho a fazer o mesmo: "Seconnd Album" (1973), "In The Beginning" (1974), "Live Stock" (1975), "When a Guitar Play the Blues" (1985) - só pra começar...