Todo Dia Um Blues: um ano de estrada, poeira e permanência

Todo Dia Um Blues: um ano de estrada, poeira e permanência



Hoje, 30 de dezembro, o blog Todo Dia Um Blues completa seu primeiro ano de vida. Não é pouco. Em tempos de excesso, pressa e ruído, manter um espaço dedicado ao blues — sua história, seus personagens, seus discos, seus sotaques e suas transformações — é um gesto de resistência cultural. E também de afeto.

Esse caminho começou em 2025 com um artigo piloto que já trazia tudo o que viria depois: o bluesman e amigo Nuno Mindelis, sua guitarra, sua trajetória e sua ligação viva com essa música que atravessa gerações. Ali, sem saber, dávamos o primeiro passo de uma jornada musical ininterrupta, escrita dia após dia, nota após nota.

Revisitar, descobrir, escutar

Ao longo desse primeiro ano, o Todo Dia Um Blues fez exatamente o que o nome promete: voltou o olhar para os grandes mestres, sem perder de vista o presente e o futuro. Revisitamos lendas, resgatamos histórias fundamentais e, ao mesmo tempo, descobrimos novos artistas, novas vozes e novas maneiras de sentir o blues.

Entre as matérias mais lidas, estão textos que dialogam diretamente com a memória e com a emoção de quem ama essa música. “Marcos Ottaviano And His Blues Band – 35 anos de carreira” celebrou uma trajetória construída com consistência. “Jeff Beck: O Impossível Sem Esforço” mostrou como o blues pode transbordar técnica e virar linguagem universal. Já “Got My Mojo Working: o poder do blues na expressão da alma afro-americana” reafirmou as raízes profundas dessa arte nascida da dor, da resistência e da espiritualidade.

E houve espaço, claro, para nomes fundamentais como Jimmy Rogers, lembrado com a intensidade que seu clássico Blues Blues Blues! exige. Cada texto buscou mais do que informar: buscou contar histórias, criar pontes entre passado e presente, entre o leitor e a música.

O blues de agora: lançamentos e permanência

2025 também foi um ano fértil em lançamentos. O blog esteve atento aos discos que ajudam a manter o blues vivo, pulsante e relevante. Entre muitos, destacamos trabalhos que dialogam com a tradição sem abrir mão do presente.

Buddy Guy – Ain’t Done with the Blues mostrou que a chama segue acesa. Taj Mahal & Keb’ Mo’ – Room on the Porch reafirmou o poder do encontro. Roomful of Blues – Steppin’ Out manteve a elegância da tradição. Christone “Kingfish” Ingram – Hard Road confirmou que o futuro já chegou. Mud Morganfield – Deep Mud honrou o legado. Ally Venable – Money and Power trouxe força, atitude e identidade. Maria Muldaur – One Hour Mama: The Blues of Victoria Spivey foi puro respeito à história. E Charlie Beale – Bluestronic mostrou que o blues também dialoga com a tecnologia, a cultura de pista e o espírito remixador sem perder sua alma.

O blues não parou no tempo. Ele se move, se adapta, muda de forma, mas mantém a essência. E é exatamente isso que seguimos registrando.

Além do Mississipi: sotaques do mundo

Se o blues nasceu às margens do Mississipi, ele aprendeu a falar muitas línguas. Durante este primeiro ano, o Todo Dia Um Blues atravessou fronteiras e ouviu o blues longe das margens tradicionais.

Descobrimos artistas de sotaques diversos, como Andres Roots, da Estônia, a clássica banda holandesa Livin’ Blues, o britânico Innes Sibun, o chileno Nico Barberan, entre tantos outros. O blues mostrou, mais uma vez, sua capacidade de dialogar com culturas distintas e, ainda assim, continuar soando como o bom e velho lamento.

Tivemos cantores, cantoras, guitarristas, gaitistas, baixistas, bateristas e até DJs. Porque o blues também se reinventa, conversa com a tecnologia e encontra novos caminhos para existir.

O que vem pela frente

O blues segue vivo. E junto de vocês, leitores, pretendemos continuar nessa estrada poeirenta, cheia de incruzilhadas, magia e — por que não? — tecnologia. Em 2026, o Todo Dia Um Blues quer ir além.

Vamos entrevistar artistas, levar nossa voz para as plataformas com um podcast e manter nosso mojo firme — esse amuleto simbólico que atrai sorte, amor, som e boas histórias. Porque divulgar blues hoje é mais do que falar de música: é falar de identidade, memória, emoção e humanidade.

Que assim seja. Que assim se faça. Obrigado a todos vocês que caminharam conosco nesse primeiro ano. O blues agradece. E segue.

Um blues de aniversário para celebrar a estrada, o som e quem caminha com a gente


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