Roomful of Blues: uma big band que mantém o swing vivo

Roomful of Blues: uma big band que mantém o swing vivo



Desde o final dos anos 1960, o Roomful of Blues é uma das formações mais duradouras e respeitadas do cenário do rhythm and blues norte-americano. Nascida em Providence, Rhode Island, a banda soube construir uma sonoridade inconfundível, equilibrando o poder de uma big band com a energia crua do blues de raiz. A combinação é explosiva, repleta de sopros, grooves e um repertório que atravessa décadas sem perder a vitalidade.

As origens e a essência do swing

O embrião do Roomful of Blues surgiu em 1967, quando o guitarrista Duke Robillard e o tecladista Al Copley decidiram tocar o blues que amavam, inspirado por artistas como T-Bone Walker, Count Basie e Big Joe Turner. O nome da banda — “um quarto cheio de blues” — refletia bem a ideia: uma formação numerosa, vibrante, com uma parede sonora de metais e ritmos pulsantes.

Logo a banda chamou atenção na Nova Inglaterra e começou a se destacar nacionalmente por seu som ao mesmo tempo moderno e tradicional. A presença de uma seção de metais poderosa — algo raro nas bandas de blues da época — deu ao grupo um toque de big band, aproximando-o do swing jazz sem jamais perder o caráter dançante do rhythm and blues.

Mudanças, permanências e legado

Ao longo das décadas, o Roomful of Blues passou por diversas formações. Duke Robillard deixou o grupo no início dos anos 1980 para seguir carreira solo, sendo substituído por Ronnie Earl, outro guitarrista que viria a se tornar uma lenda do gênero. Depois dele, nomes como Chris Vachon assumiram a guitarra e mantiveram viva a chama do grupo.

A constante, ao longo de todo esse tempo, sempre foi o compromisso com a qualidade musical. Os arranjos de metais impecáveis, o ritmo contagiante e o respeito às raízes do blues urbano e do jump blues fizeram da banda uma referência. O Roomful of Blues foi indicado várias vezes ao Grammy e recebeu incontáveis prêmios da Blues Foundation, incluindo honrarias como “Melhor Banda de Blues do Ano”.

O som de uma era — e de muitas outras

O catálogo do Roomful of Blues é uma viagem pela história do blues norte-americano. Álbuns como “Hot Little Mama”, “That’s Right!” e “In a Roomful of Blues” mostram o poder da banda de transitar entre estilos, do swing de Kansas City ao R&B de Nova Orleans, com arranjos sempre precisos e cheios de vitalidade. O som da banda sempre preservou o espírito das jam sessions de clubes de dança, onde o blues era alegria, suor e elegância.

O grupo também teve momentos de parcerias importantes, como quando acompanhou grandes nomes do gênero, entre eles Eddie “Cleanhead” Vinson e Big Joe Turner — figuras lendárias do jump blues que se tornaram referências diretas para o som do Roomful.



Steppin’ Out!: o novo capítulo

Lançado no início de outubro de 2025, o álbum “Steppin’ Out!” marca mais um grande momento da trajetória da banda. Produzido com o selo característico de Chris Vachon, o disco reafirma o poder e a elegância da formação atual, que combina experiência e frescor. O repertório traz composições originais e releituras cheias de personalidade, mantendo o equilíbrio entre o blues de salão e o R&B de raiz.

Críticas recentes destacaram o álbum como “um retorno triunfante” e “um lembrete de que o Roomful of Blues continua sendo a mais sofisticada e vibrante big band de blues em atividade”. A produção cristalina, os metais em perfeita harmonia e a pegada dançante confirmam o que os fãs sempre souberam: mesmo após quase seis décadas, o Roomful of Blues ainda sabe colocar o público para dançar e sentir o verdadeiro espírito do blues.

Com “Steppin’ Out!”, a banda dá mais um passo firme em sua longa jornada, provando que o blues — quando bem tocado, com alma e swing — continua sempre novo, vivo e irresistível.

Quem toca em Steppin' Out!

O álbum Steppin' Out! reúne a formação atual do Roomful of Blues — uma equipe enxuta na gravação, mas com a potência de sempre: metais precisos, percussão firme, contrabaixo que sustenta e uma voz nova e poderosa à frente. Abaixo, um resumo autoral dos músicos presentes no disco e suas contribuições.

  • D.D. Bastos — voz principal; também adiciona percussão leve em faixas selecionadas (claves, maracas).
  • Chris Vachon — guitarra e direção/produção musical; presença central nos arranjos e solos.
  • Jeff Ceasrine — teclados (piano e órgão) e vocais de apoio em algumas faixas.
  • John Turner — contrabaixo (acústico e elétrico), ancorando o groove.
  • Mike Coffey — bateria, marca o pulso dançante do álbum.
  • Rich Lataille — sax tenor e sax alto, voz histórica da seção de metais.
  • Craig Thomas — sax barítono e tenor, ampliando o corpo sonoro dos sopros.
  • Christopher Pratt — trompete, responsável pelos cortes brilhantes e frases de sustentação.

Essa equipe prova a máxima do Roomful: mesmo com mudanças ao longo dos anos, a identidade sonora — baseada em uma seção de metais afiada, arranjos elegantes e um ritmo incansável — segue intacta e vibrante. Aumente o som das caixinhas e vamos aos blues!


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