Smokey Wilson: Do Delta às Luzes de Los Angeles
Smokey Wilson: Do Delta às Luzes de Los Angeles
Primeiros Sons do Delta
Robert Lee “Smokey” Wilson nasceu em 11 de julho de 1936, em Glen Allan, Mississippi, e cresceu em Lake Village, Arkansas. Sua primeira guitarra chegou cedo — aos oito anos — e com ela, as cordas vibraram o desejo do Delta, onde aprendeu com Roosevelt “Booba” Barnes, Big Jack Johnson e Frank Frost os segredos mais puros do blues.
A Jornada Para o Oeste
Em 1970, Smokey rumou para Los Angeles — não em busca de luzes de Hollywood, mas atrás das luzes bruxuleantes dos juke joints de Watts. Lá, ele abriu o Pioneer Club, vestiu-se de anfitrião, guitarrista e mentor: sob seu comando, grandes nomes como Big Joe Turner, Percy Mayfield, Pee Wee Crayton e Albert Collins animaram o palco da sua casa de blues.
Gravando o Blues Autêntico
Smokey Wilson levou tempo para ser descoberto — mas o blues tem seus próprios relógios. Nos anos 1970, lançou dois álbuns pela Big Town Records. Em 1983, veio 88th Street Blues, com harmonica de Rod Piazza e guitarra rítmica de Hollywood Fats.
Nos anos 1990, sua chama finalmente ganhou fôlego: Smoke n' Fire (1993) e The Real Deal (1995) trouxeram reconhecimento tardio mas merecido; neste último, Smokey mescla raízes do Delta com sofisticada produção, criando um blues que queima e brilha com intensidade.
Ainda em 1997, lançou The Man from Mars, consolidando sua presença — e conquistando mais uma indicação ao W. C. Handy Award.
Reconhecimento e Presença Televisiva
O sucesso não se restringia aos discos. Smokey apareceu no especial da PBS Three Generations of Blues, ao lado de Robert Cray e John Lee Hooker. Sua imagem chegou à TV por meio de comerciais em canais como UPN e FOX e também num videoclipe de Babyface — o blues ecoando nas ondas modernas.
A Vida na Estrada e a Legislação da Emoção
Ele subiu nos palcos dos festivais mais respeitados: San Francisco Blues Festival (1978) e Long Beach Blues Festival (1980, 1981 e 1999). Em cada apresentação, a guitarra de Smokey carregava “o algodão do campo” e “o juke joint dentro dele” — uma força que media dor e celebração.
A Despedida Silenciosa
Na madrugada de 8 de setembro de 2015, Smokey Wilson morreu enquanto dormia em Los Angeles, aos 79 anos. Não houve alarde — apenas o silêncio que sucede a mais verdadeira das performances.
Legado que Arde
Smokey Wilson foi o símbolo de um blues que floresce tardiamente, mas com raízes profundas. Sua simplicidade era o fogo que ardia em cada nota. A alma do Delta jamais se apagou — ao contrário: espalhou fumaça e ressoou no Oeste americano. Em discos, em lembranças, em cada acorde que ecoar num bar escuro, Smokey vive.

 
 
 
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