Kirk Fletcher e o poder do blues em movimento: o novo álbum "Keep On Pushing"

Kirk Fletcher e o poder do blues em movimento: o novo álbum "Keep On Pushing"



Há artistas que tocam guitarra. E há artistas que transformam o instrumento em voz, em alma, em extensão de cada respiro. Kirk Fletcher é destes últimos. Nascido em Bellflower, Califórnia, em 1975, cresceu envolvido pela música da igreja de seu pai, onde começou a dedilhar os primeiros acordes. Mas foi no encontro com os sons que vinham do Mississipi, de Chicago e da Costa Oeste que ele se fez inteiro. Hoje, é reconhecido como um dos maiores guitarristas de blues da atualidade, carregando consigo a chama de uma tradição centenária e, ao mesmo tempo, empurrando-a para frente com frescor, criatividade e emoção.

Um caminho de aprendizado e reverência

Desde cedo, Fletcher se aproximou dos grandes mestres. Teve contato com nomes como Robben Ford e Al Blake, mergulhando no universo do blues clássico e aprendendo que a guitarra vai além da técnica: é sobre emoção, sobre a pausa entre as notas, sobre o que não se diz, mas se sente. Essa lição moldou seu estilo e o colocou em cena ao lado de gigantes como Charlie Musselwhite, Kim Wilson, os Fabulous Thunderbirds, Joe Bonamassa, Cyndi Lauper e até Eros Ramazzotti. Versatilidade, respeito às raízes e inventividade o tornaram único.

Carreira solo e o reconhecimento

Kirk Fletcher lançou seu primeiro álbum solo em 1999, I'm Here & I'm Gone. Desde então, construiu uma discografia sólida que inclui títulos como Shades of Blue (2003), My Turn (2010), Hold On (2018), My Blues Pathway (2020) e Heartache by the Pound (2022). Cada um desses trabalhos reafirmou seu compromisso em honrar a tradição e, ao mesmo tempo, abrir novos horizontes para o gênero. Suas gravações são aplaudidas tanto pela crítica quanto pelos fãs, e seu nome já figura entre os mais respeitados do blues contemporâneo.

"Keep On Pushing": um passo adiante no caminho do blues

Kirk Fletcher acaba de lançar seu novo disco: Keep On Pushing. Gravado em clima de performance ao vivo, com produção dividida com JD Simo, o álbum é um manifesto de fé no blues como linguagem universal. Aqui, Fletcher não apenas toca guitarra com maestria: ele canta, emociona e conduz sua banda por um repertório que atravessa décadas de história, mesclando composições próprias, clássicos reinterpretados e homenagens sentidas.

Com uma crítica arrebatada e avaliações máximas em veículos especializados, Keep On Pushing já nasce como um dos discos mais importantes da carreira do guitarrista. Nele, o blues não é apenas preservado, mas revigorado: cada faixa é um mergulho no coração de um gênero que resiste ao tempo, transformando dor em beleza, lamento em esperança.



As faixas de "Keep On Pushing"

O álbum é composto por dez faixas que passeiam por diferentes vertentes do blues, unindo a tradição de compositores lendários à força criativa de Kirk Fletcher. Eis a lista completa:

  • It's Love Baby – Ted Jarrett
  • Just A Dream – Big Bill Broonzy
  • I'm Gonna Dig Myself A Hole – Arthur Crudup
  • Every Dog Has Its Day – Edward Bocage (Eddie Bo)
  • Lost Love – Percy Mayfield
  • Croke – Kirk Fletcher
  • Keep On Pushing – Kirk Fletcher
  • Think Twice Before You Speak – Al K. Smith
  • Here In The Dark – Bernard Anders
  • Blues For Robert Nighthawk – Kirk Fletcher e JD Simo (instrumental)

Um blues entre tradição e futuro

Cada canção do álbum guarda um pedaço da história do blues. Ao reinterpretar Big Bill Broonzy, Arthur Crudup e Percy Mayfield, Fletcher reverencia seus ancestrais musicais. Ao compor faixas como Croke e Keep On Pushing, ele demonstra que o blues não é apenas memória, mas também presente e futuro. E, ao encerrar o disco com Blues for Robert Nighthawk, cria uma ponte entre o Delta e Chicago, entre passado e permanência, entre saudade e reinvenção.

A alma de Kirk Fletcher

Se há algo que define a trajetória de Kirk Fletcher é a busca pelo sentimento. A guitarra em suas mãos não é mero instrumento: é confissão, oração, poesia. Ele sabe como ninguém que o blues não pede perfeição técnica, mas verdade emocional. E é essa verdade que pulsa em cada acorde de Keep On Pushing.

Com o novo álbum, Fletcher reafirma sua posição como um dos maiores nomes do blues atual. Um artista que respeita as raízes, mas que nunca deixa de olhar adiante, mantendo vivo o espírito de um gênero que nasceu da dor e se transformou em beleza universal. Um lembrete de que, no blues, assim como na vida, é preciso seguir em frente — sempre empurrando, sempre tocando, sempre sentindo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcos Ottaviano And His Blues Band: 35 Anos de Carreira

Flaherty Brotherhood: O Coletivo do Deserto que Reinventa o Blues para o Século XXI

Ain’t Done With The Blues: Buddy Guy aos 89 Anos Ainda Toca com o Coração em Chamas