Rick Derringer: Do Rock ao Blues com Fúria e Virtuosismo

Rick Derringer: Do Rock ao Blues com Fúria e Virtuosismo



Rick Derringer é um daqueles nomes que atravessam décadas com a guitarra em punho e os pés fincados no palco. Embora sua carreira tenha começado nos anos 1960 com o hit “Hang On Sloopy”, foi nas décadas seguintes que ele se firmou como um dos guitarristas mais versáteis da cena norte-americana — passeando com desenvoltura pelo rock, hard rock e, claro, pelo blues. Neste artigo, o Todo Dia Um Blues traça um perfil dessa figura lendária, com foco especial em sua fase blueseira lançada pelo selo Blues Bureau International.

Dos McCoys ao Rock de Arena

Rick Zehringer, mais conhecido como Rick Derringer, ganhou fama ainda adolescente com o grupo The McCoys e o sucesso estrondoso de “Hang On Sloopy” em 1965. Na década seguinte, mergulhou de cabeça no rock pesado ao lado dos irmãos Johnny e Edgar Winter. Foi guitarrista de Johnny Winter, gravando álbuns marcantes como Johnny Winter And Live (1971), onde sua guitarra incendiária brilha em faixas como “It’s My Own Fault”.

Com Edgar Winter, Derringer participou do icônico “They Only Come Out at Night” (1972), que traz o hino instrumental “Frankenstein”. A parceria rendeu mais discos e turnês marcantes, consolidando Derringer como um dos guitarristas mais requisitados da era do rock de arena. Não à toa, ele produziu o clássico álbum Still Alive and Well de Johnny Winter, ajudando a ressuscitar a carreira do guitarrista texano.

Carreira Solo: Entre Hits e Experimentações

Em carreira solo, Rick Derringer emplacou hits como “Rock and Roll, Hoochie Koo” (1973), que se tornou seu cartão de visitas definitivo. Ao longo dos anos, alternou trabalhos mais voltados ao rock com incursões instrumentais, projetos de jazz fusion e participações em discos de outros artistas. Tocou com Steely Dan, Meat Loaf, Barbra Streisand e até “Weird Al” Yankovic, mostrando um ecletismo raro mesmo entre músicos veteranos.



O Retorno às Raízes: A Fase Blues na Blues Bureau

A partir dos anos 1990, Derringer redescobriu o blues e embarcou numa nova fase, mais madura e visceral. Sob o selo Blues Bureau International, lançou quatro álbuns fundamentais:

  • Back to the Blues (1993): um retorno impactante às raízes, com faixas como “Blue Suede Blues” e “Blues All Night Long”.
  • Electra Blues (1994): ainda mais carregado de feeling, com destaque para “Unsung Hero of the Blues”.
  • Blues Deluxe (1998): mistura poderosa de autorais e releituras — “Killing Floor” e “Key to the Highway” mostram sua reverência aos mestres.
  • Jackhammer Blues (2000): aqui o blues encontra o peso do hard rock, resultando em um som robusto e moderno.

Esses discos demonstram que Derringer não apenas sabe tocar blues, mas sente o blues. Ele dosa técnica com emoção, sem se perder em exibicionismos, entregando trabalhos coesos e apaixonados.

Tributos e Honrarias

Nos anos seguintes, Rick Derringer seguiu mergulhando no legado do blues com os álbuns Knighted by the Blues (2009) e The Three Kings of the Blues (2010). Este último é um tributo aos lendários B.B. King, Albert King e Freddie King — os "três reis" do gênero. Com sua guitarra respeitosa e ardente, Derringer oferece interpretações pessoais de clássicos eternos, sem nunca cair na caricatura.

Um Guitarrista que Merece Ser Redescoberto

Rick Derringer pode ser lembrado por alguns como aquele do “Hoochie Koo”, mas sua obra é muito mais rica do que isso. Seu mergulho no blues, especialmente nos anos 1990 e 2000, mostra um artista em pleno domínio de seu instrumento e de sua emoção. Vale a pena explorar essa discografia — especialmente os lançamentos pela Blues Bureau — e redescobrir o que há de mais sincero em sua música.

E como tira gosto, deixo aqui uma dica que vale cada minuto de audição: o tributo The Three Kings of the Blues. Um passeio respeitoso e incendiário pelo legado dos reis do blues, sob a lente de um guitarrista que, apesar de tantos caminhos trilhados, nunca perdeu o rumo das emoções.


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