Johnny "Big Moose" Walker: O Gigante dos Teclados do Blues

Johnny "Big Moose" Walker: O Gigante dos Teclados do Blues



Quando falamos dos grandes mestres do piano e do órgão no blues, um nome que merece destaque absoluto é Johnny "Big Moose" Walker. Multi-instrumentista talentoso, Walker se destacou principalmente como pianista e organista, deixando sua marca ao lado de verdadeiras lendas do gênero como Muddy Waters, Elmore James, Sonny Boy Williamson II, Earl Hooker, Ike Turner, Lowell Fulson, Jimmy Dawkins, Son Seals, Otis Spann, Sunnyland Slim, e Choker Campbell.


Quem Foi Johnny "Big Moose" Walker?


Nascido em 27 de junho de 1927, na cidade de Stoneville, Mississippi, Johnny Walker cresceu imerso na rica tradição musical do Delta do Mississippi. Como muitos músicos de blues de sua geração, começou sua carreira tocando em bares, juke joints e festas locais.

Walker era um músico completo: além de piano, tocava órgão, baixo, bateria e até guitarra. Entretanto, foi atrás dos teclados que realmente encontrou sua voz, desenvolvendo um estilo poderoso, ritmado e profundamente emotivo.


A Jornada Musical: De Sideman de Luxo a Artista Solo


A carreira de Johnny "Big Moose" Walker é uma verdadeira viagem pela história do blues. Na década de 1950, começou a ganhar espaço como sideman, acompanhando Ike Turner, um dos grandes responsáveis pela difusão do blues elétrico no sul dos Estados Unidos.

Logo se tornou um dos pianistas mais requisitados da cena, trabalhando com:

Sonny Boy Williamson II, com quem gravou clássicos nas sessões da Chess e da Trumpet Records.

Elmore James, participando de gravações que ajudaram a definir o blues slide elétrico de Chicago.

Earl Hooker, com quem manteve uma longa parceria, inclusive excursionando e gravando.

Muddy Waters, ícone absoluto do blues de Chicago.

Otis Spann e Sunnyland Slim, outros dois mestres dos teclados, mostrando que entre os grandes, Walker também tinha seu lugar.

Lowell Fulson, Choker Campbell, Jimmy Dawkins e Son Seals, nomes que atravessaram diferentes fases do blues, do tradicional ao mais elétrico e moderno.

Johnny não era apenas mais um músico de apoio — sua presença nos palcos e nos estúdios elevava qualquer sessão. Seu toque carregava alma, suingue e aquele tempero característico do blues de verdade.


A Carreira Solo


Apesar de ser mais conhecido como acompanhante, Walker também construiu uma sólida carreira solo. Seu primeiro álbum como líder foi lançado na década de 1970, período em que muitos músicos de blues começaram a ter mais reconhecimento internacional, especialmente na Europa.

Seu estilo mesclava o blues tradicional do sul com o som urbano de Chicago, além de uma pegada mais moderna vinda do órgão Hammond, instrumento que dominava com maestria.



O Álbum Mellow Down Easy: Um Tesouro ao Vivo


Hoje escolhi como destaque o álbum "Mellow Down Easy", que traz registros ao vivo gravados na Alemanha, em 13 de junho de 1982. Este trabalho captura Johnny "Big Moose" Walker em sua melhor forma: ao vivo, com energia, espontaneidade e muito feeling.

O álbum traz uma seleção de clássicos do blues e composições próprias, sempre com aquele balanço irresistível de um piano bem tocado. A voz de Walker, rouca e carregada de experiência, conduz cada faixa como uma conversa íntima com o público. O disco traz músicas de Ike Turner (I'm Tore Up), Willie Dixon (Mellow Down Easy), Lightnin' Hopkins (I Don't Want No Woman), J.B. Lenoir (Talk To Your Daughter) e composições de Walker como Foot Race, Would You Baby e One Eyed Woman. 

Este registro é essencial para qualquer amante do blues, pois demonstra não só sua habilidade como tecladista, mas também como intérprete e contador de histórias.


Últimos Anos e Legado


Johnny "Big Moose" Walker seguiu ativo até o final dos anos 1990, tocando em clubes, festivais e gravando ocasionalmente. Sua versatilidade e paixão pela música nunca diminuíram.

Walker faleceu em 27 de novembro de 1999, aos 72 anos, deixando um legado muitas vezes subestimado, mas profundamente enraizado na história do blues. Sua contribuição é imensurável, tanto como sideman de alguns dos maiores nomes do gênero quanto como artista solo que carregou a tradição dos teclados no blues com maestria.


Johnny "Big Moose" Walker no Blues: Um Legado Vivo


Embora não tenha atingido o estrelato de alguns de seus contemporâneos, Johnny "Big Moose" Walker é uma figura essencial para entender a riqueza e a diversidade do blues. Seu trabalho é uma verdadeira aula de como se faz blues com classe, paixão e autenticidade.

Se você ainda não conhece sua obra, este é o momento de apertar o play e deixar que o som de seus teclados te transporte para os becos e bares onde o blues vive em sua forma mais pura.


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