Blues Delight: a paixão incandescente de Montreal pelo blues contemporâneo

Blues Delight: a paixão incandescente de Montreal pelo blues contemporâneo





Por Todo Dia Um Blues

Se o blues é mais do que um estilo — é uma forma de viver —, então a banda Blues Delight, de Montreal, é a personificação sonora dessa filosofia. Formado por cinco músicos veteranos da cena canadense, o grupo acende o fogo do blues tradicional com arranjos intensos, solos incendiários e letras que transbordam alma. Com quase duas décadas de estrada e álbuns elogiados pela crítica, o Blues Delight se consolidou como uma referência no blues contemporâneo.

Um coletivo de mestres do blues

Sob a direção artística do produtor e guitarrista Vincent Beaulne, o Blues Delight é um quinteto afiado, que mistura a crueza do blues de raiz com nuances de jazz e rock. Beaulne (vocal, guitarra e slide guitar) é acompanhado por Laurent Trudel (guitarra, harmônica, banjo e vocais), Dave Turner (saxofones alto e barítono), Gilles Schetagne (bateria) e Daniel Bonin (baixo). Cada integrante traz décadas de experiência, o que se traduz em uma execução musical refinada e visceral.

“Nossa vida é blues!”

Essa afirmação, extraída de seu release oficial, não soa como slogan, mas como uma verdade vivida. A banda sopra rajadas intensas sobre as brasas do blues, reacendendo o gênero com vigor. Sua proposta sonora atinge um ponto de ebulição, guiada pelas viagens emocionais da escala pentatônica. Trata-se de um blues original, tórrido, vibrante — o tipo de música que faz a espinha estremecer e o coração acelerar.



Discografia poderosa: do clássico ao contemporâneo

A discografia do Blues Delight é curta, mas impactante. O grupo estreou em 2007 com “Rock Island Line”, um trabalho que abriu caminho para sua sonoridade crua e cativante. O sucesso do disco impulsionou a banda a criar seu trabalho mais celebrado: “Open All Night” (2009), um álbum com 13 faixas compostas por Beaulne, Robert Langlois e André Trottier, que mergulham em cenas do cotidiano com simplicidade e força lírica.

"Open All Night" é blues de corpo e alma — sincopado, dançante, melancólico e, por vezes, eufórico, como o “blues feliz” que BB King tanto apreciava. A coletânea emociona pela variedade de humores e pela intensidade dos arranjos, tudo isso com a assinatura única do quinteto canadense.

O terceiro álbum, “Working On It” (2013), expandiu ainda mais o leque sonoro do grupo, com destaque para faixas como "Bad Girl" e "Dirty Riff", onde o sax de Dave Turner encontra o slide guitar de Beaulne em perfeita harmonia. Já o lançamento mais recente, “Chicago Blues” (2025), presta homenagem ao estilo que deu origem à eletrificação do blues, trazendo uma abordagem moderna e, ao mesmo tempo, reverente.

Faixas imperdíveis para novos ouvintes

Se você ainda não conhece a banda, algumas músicas são porta de entrada certeiras:

  • “Slightly Hung Over” – blues relaxado com atmosfera etílica e arranjos precisos.
  • “If I Had Money” – slow blues contagiante, uma joia de “Open All Night”.
  • “Chicago Blues” – Sugiro ouvir as sete faixas do novo trabalho da banda no repeat. O disco é muito bom. Também vale destacar as artes usadas nas capas dos discos, foi o que me chamou a atenção e me levou a ouvir e conhecer mais sobre a banda.

A chama continua acesa

O Blues Delight não apenas toca blues — eles vivem o blues. Com técnica impecável, arranjos envolventes e uma paixão inegável pelo gênero, o grupo canadense mostra que o blues segue vivo, pulsante e, acima de tudo, necessário. Como cantam e tocam, eles nos lembram que o blues não é apenas um lamento — é também celebração, catarse e resistência.


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