Bernie Marsden: O Blues Britânico em Alma, Corpo e Guitarra

Bernie Marsden: O Blues Britânico em Alma, Corpo e Guitarra



Quando falamos sobre o blues britânico e sua interseção com o rock, poucos nomes ressoam com tanta autenticidade quanto Bernie Marsden. Guitarrista talentoso, compositor prolífico e verdadeiro amante do blues, Marsden deixou um legado sonoro que atravessa décadas — e que encontra sua expressão mais pura tanto nos palcos do hard rock quanto nos compassos lentos e sentidos do blues tradicional.


Dos Blues Clubs ao Sucesso com o Whitesnake


Bernard John Marsden nasceu em 7 de maio de 1951, em Buckingham, Inglaterra. Desde jovem, foi fisgado pelo som do blues americano, especialmente os discos de B.B. King, Freddie King e do então emergente movimento britânico do blues, capitaneado por nomes como Eric Clapton, Peter Green e John Mayall.

Seu talento o levou a integrar diversas bandas nos anos 1970, incluindo o UFO, Wild Turkey e Paice Ashton Lord. Foi ali que se conectou com o cantor David Coverdale, com quem fundaria, em 1978, a lendária banda Whitesnake.

Marsden não foi apenas um guitarrista de apoio. Ele foi coautor de alguns dos maiores sucessos da banda, incluindo o hit mundial “Here I Go Again”. Sua guitarra está presente nos sete primeiros álbuns do Whitesnake:

Snakebite (1978)

Trouble (1978)

Lovehunter (1979)

Ready & Willing (1980)

Live... In the Heart of the City (1980)

Come An' Get It (1981)

Saints & Sinners (1982)

Esses discos combinam o hard rock com uma base forte de blues, e Marsden foi o elo perfeito entre esses dois mundos.


Carreira Solo e Tributo aos Mestres do Blues


Após sua saída do Whitesnake, Bernie Marsden mergulhou em uma série de projetos e álbuns solo onde pôde explorar livremente seu amor pelo blues e prestar várias homenagens aos seus ídolos. Trabalhou com músicos como Cozy Powell, Robert Plant e Jack Bruce, além de formar bandas como Alaska e Moody Marsden Band, ao lado de seu antigo parceiro de Whitesnake, Micky Moody.



Mas foi em 1995 que Marsden lançou uma de suas obras mais significativas: o álbum Green & Blues. Assim como Gary Moore havia feito em Blues for Greeny, Marsden criou um tributo emocionante a Peter Green, lendário guitarrista do Fleetwood Mac e um dos seus maiores ídolos.

Contudo, Green & Blues vai além: é uma homenagem profunda aos guitarristas que passaram pelo John Mayall & The BluesbreakersEric Clapton, Peter Green, Mick Taylor — e, sobretudo, um agradecimento especial a John Mayall, o padrinho do blues britânico. Nesse disco, Marsden reinterpreta clássicos com respeito, paixão e sua assinatura de guitarrista experiente e sensível.


Um Legado Marcado Pelo Amor ao Blues


Ao longo de sua vida, Bernie Marsden manteve-se ativo, lançando álbuns, se apresentando ao vivo e participando de eventos que celebravam o blues. Sua abordagem sempre foi respeitosa com os mestres que o influenciaram e generosa com os músicos mais jovens.

Mesmo com os sucessos no rock, o coração de Bernie sempre pertenceu ao blues. Sua técnica fluida, seu fraseado emotivo e sua habilidade de colocar sentimento em cada nota o colocam entre os grandes nomes do gênero no Reino Unido.


Despedida de um Mestre


Bernie Marsden faleceu em 24 de agosto de 2023, aos 72 anos. Sua morte foi sentida por músicos e fãs ao redor do mundo. Muitos lembraram não apenas do virtuoso guitarrista, mas do homem afável, generoso e apaixonado pela música.

Ele deixa para trás um legado que ressoa em riffs marcantes, solos com alma e canções que continuam a inspirar novas gerações. E, acima de tudo, deixa viva a chama do blues britânico, que ele ajudou a moldar com talento e coração.


Conclusão:


Bernie Marsden foi mais do que um guitarrista do Whitesnake. Ele foi um embaixador do blues, um músico que nunca esqueceu suas raízes e que soube honrar os mestres que o influenciaram. Álbuns como Green & Blues mostram o quanto Marsden entendia que o blues é mais do que um estilo — é uma forma de viver, sentir e se expressar.

No blog Todo Dia Um Blues, celebramos artistas como Bernie Marsden, que mantêm viva a alma do blues, seja no palco de um grande festival, seja em um disco intimista. Que sua música continue a tocar corações — hoje e sempre.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcos Ottaviano And His Blues Band: 35 Anos de Carreira

Nuno Mindelis: Blues, não só para o Brasil!

Jimmy D. Lane: um herdeiro do blues de Chicago