Jimmy Dawkins: O Blues do Mississippi ao West Side de Chicago
Jimmy Dawkins: O Blues do Mississippi ao West Side de Chicago
Jimmy Dawkins é um daqueles nomes que não podem faltar quando o assunto é o blues de Chicago — especialmente o chamado West Side Sound. Nascido em Tchula, Mississippi, em 24 de outubro de 1936, ele trouxe para o Norte dos Estados Unidos não apenas o calor e a dor do Delta, mas também uma abordagem moderna, elétrica e explosiva que ajudou a definir uma era inteira do gênero. Ao longo de uma carreira sólida de mais de quatro décadas, Dawkins lançou 21 álbuns de estúdio e cravou seu nome entre os mestres do blues contemporâneo.
O nascimento de uma lenda do blues de Chicago
Como tantos outros gigantes do blues, Jimmy Dawkins migrou para Chicago nos anos 1950, durante a grande migração afro-americana. Foi na movimentada e pulsante cena do West Side — região conhecida por um som mais agressivo e improvisado — que ele fincou raízes. Embora tenha começado tocando na surdina como músico de apoio, logo se destacou pela sua técnica afiada, cheia de sentimento e rapidez nos dedos. Não à toa, seu apelido nos bastidores era "Fast Fingers".
Essa alcunha virou título de seu aclamado álbum de estreia, lançado em 1969 pelo respeitado selo Delmark Records. "Fast Fingers" é um verdadeiro marco do blues moderno. Com produção de Bob Koester, fundador da Delmark, o disco mostra o equilíbrio perfeito entre a tradição do Delta e a modernidade elétrica de Chicago. As faixas são recheadas de solos cortantes, vocais cheios de alma e uma pegada rítmica marcante que influenciaria gerações seguintes.
Pioneiro do som do West Side
Ao lado de nomes como Magic Sam, Otis Rush e Luther Allison, Jimmy Dawkins ajudou a moldar o chamado West Side Sound, uma vertente do blues urbano mais melódica e emocional, com influências do soul e do jazz. Seu estilo de tocar guitarra era técnico e inventivo, mas nunca perdia o toque cru e visceral que caracteriza o blues em sua essência.
Dawkins era também um homem generoso com a cena musical. Nos anos 70 e 80, foi um incentivador de novos talentos, participando como produtor e apoiando turnês de jovens músicos americanos e europeus. Seu comprometimento com o blues ia além do palco.
Quatro décadas de paixão pelo blues
Ao longo de sua carreira, Jimmy Dawkins lançou 21 álbuns, mantendo sempre um alto padrão de qualidade artística. Mesmo nos anos em que o blues era considerado "fora de moda" por parte da mídia, ele permaneceu fiel ao seu som e à sua identidade.
Entre seus trabalhos mais celebrados, além de "Fast Fingers", destacam-se álbuns como "All for Business" (1971), com participações de Otis Rush e Andrew "Big Voice" Odom, e "Blisterstring" (1991), que mostra um Dawkins maduro, mas ainda afiado e intenso.
Jimmy Dawkins faleceu em 10 de abril de 2013, aos 76 anos, deixando um legado profundo e duradouro. Seu som continua ecoando nas guitarras de quem escolhe o blues como linguagem de alma.
O legado de Jimmy "Fast Fingers" Dawkins
Hoje, o nome de Jimmy Dawkins é reverenciado por músicos e fãs ao redor do mundo. Ele não foi apenas um guitarrista virtuoso, mas também um contador de histórias, um defensor do blues autêntico e um verdadeiro artesão do som. O West Side Sound não seria o mesmo sem ele.
Para quem deseja conhecer ou revisitar sua obra, "Fast Fingers" é o ponto de partida ideal. Mas prepare-se: os dedos podem até ser rápidos, mas o impacto que cada nota deixa no coração é profundo e duradouro.
Comentários
Postar um comentário