Son House: O Pai do Delta Blues

Son House: O Pai do Delta Blues



Son House nasceu no Mississippi em 21 de março de 1902. Inicialmente seguiu o caminho espiritual, tornando-se pastor batista. No entanto, sua jornada foi cheia de conflitos, levando-o a abandonar o púlpito para se tornar um bluesman. House também abandonou o blues muitas vezes. Teve problemas com o álcool e com a lei: envolvido em um incidente que resultou na morte de um homem, foi condenado a 15 anos na  Parchman Farm, uma penitenciária de trabalho forçado. Cumpriu dois anos de prisão.

Em 1930, a música de Son House encontrou sua primeira audiência mais ampla com a gravação de quatro discos de 78 rpm para a Paramount Records. Apesar do pagamento irrisório de 40 dólares, estas sessões capturaram o espírito de um artista cuja alma transbordava em cada nota. Mais tarde, em 1942, ele foi gravado por Alan Lomax, lendário etnomusicólogo, para a Biblioteca do Congresso, perpetuando sua arte para gerações futuras.

Após anos de silêncio relativo, Son House foi redescoberto nos anos 60, quando o cenário do "folk blues" voltou à tona. Com a ajuda de Alan Wilson, que viria a fundar o Canned Heat, Son foi relançado no circuito de festivais e apresentações, ganhando o reconhecimento que lhe havia escapado antes.

Porém, a saúde começou a cobrar seu preço em meados da década de 70. Com sinais de Alzheimer e Parkinson, House encerrou sua carreira em 1974. Ele viveu seus últimos anos ao lado de sua esposa, primeiro em Rochester e depois em Detroit, onde faleceu em 1988.



O legado de Son House transcende sua própria vida. Suas canções, marcadas por um fervor quase religioso, são testemunhos da luta, da redenção e da paixão visceral que definem o blues. 

Hoje coloquei pra tocar "Father of the Delta Blues: The Complete 1965 Sessions". Este álbum captura Son House revisitando seu repertório clássico com uma intensidade renovada. Sua voz poderosa e carregada de emoção parece invocar séculos de dor e espiritualidade, enquanto seu slide guitar ecoa como um lamento profundo e visceral. Ao longo das faixas, sente-se o peso de um homem que viveu plenamente as lutas e triunfos que o blues encapsula. Canções como "Death Letter" e "John the Revelator" são joias que combinam simplicidade estrutural com uma profundidade emocional esmagadora. A gravação, realizada sob a orientação da Columbia Records, não é apenas uma coleção de músicas; é um documento histórico que reafirma Son House como uma das figuras mais influentes do blues do Delta.


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