Os caras da minha geração, na maioria, acham uma heresia dizer que as plataformas digitais são uma boa forma de se ouvir música. Cresci numa época em que os discos de vinil e as fitas cassete ficavam espalhadas pelo quarto e a gente saía por ai, atrás de discos, zines ou revistas de rock, as poucas que existiam na época, pra descobrir as novidades. É claro que não estou falando aqui da qualidade sonora e também da experiência que você tem com capas de discos, encartes, o som analógico e tudo mais. O mundo mudou e confesso que estou me habituando a essa nova maneira de ouvir música. Descubro muitas coisas o tempo todo no Spotify e gosto de compartilhá-las aqui com vocês.

Recentemente, nas minhas buscas, topei com o álbum de uma banda texana chamada Grackles. O debut dos caras foi lançado em março do ano passado, mas a banda se reuniu mesmo em outubro de 2022, no Arlyn Studio, em Austin, no Texas. Na verdade todos são músicos de sessão e, no intervalo entre uma gravação e outra, decidiram montar o Grackles. O baterista Jimmy Paxson estava encerrando uma turnê mundial com The Chicks, no Austin City Limits Festival. Jimmy também estava em contato com Jason Mozersky, guitarrista vencedor do Grammy e seu companheiro na banda de Ben Harper. Jason convidou Kyle Crusham, produtor de Paul Simon e Edie Brickle, para fazer algumas gravações e, por fim, o compositor e músico de indie rock Noah Lit (Oliver Future, Noah and the MegaFauna) completou o time, criando boas canções e cantando maravilhosamente bem. Para a gravação ainda contaram com os vocais convidados de Kat Edmonson e Lauren Harris.

O som do Grackles é uma explosão de country, rock e blues, cheio de referências. "Eternal Return Blues", por exemplo, remete à clássica "All Your Love", de Otis Rush, naquela versão do John Mayall & The Heartbreakers. Talvez o nome da música seja uma indicação de que voltar aos clássicos é um santo remédio, sempre. A faixa "San Antone", com participação de Charlie Musselwhite e Lauren Harris é o primeiro single. "Top of the World" traz um dueto vocal e parece ter saído do repertório de Willie Nelson, como escreveu Brianna Caleri, do site Culture Map Austin. Algumas canções também trazem uma aura mística e sombria. Eu aconselho ouvir o disco do começo ao fim, pra sacar as diversas camadas sonoras que compõem este excelente trabalho de estreia deste supergrupo texano. Aumente o som das caixinhas e vamos aos blues!
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