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Lacy Gibson: um guitarrista que vestia o blues com elegância

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Lacy Gibson: um guitarrista que vestia o blues com elegância Em meio ao barulho dos trens elevados e ao frio cortante das ruas de Chicago, nasceu um som distinto, cheio de classe e sentimento. Era o som de Lacy Gibson , guitarrista que vestia o blues com elegância, como quem usa um terno bem cortado — com precisão, alma e um toque de charme urbano. Poucos souberam transformar o sofrimento em melodia com tamanha sutileza. E foi justamente isso que tornou Gibson um nome respeitado entre músicos e amantes do blues mais puro, aquele que respira o cotidiano das esquinas do South Side. Das raízes do Mississippi ao asfalto de Chicago Lacy Gibson nasceu em 1º de maio de 1936, em Salisbury, no Mississippi. Como muitos de sua geração, cresceu cercado pelos sons que subiam do campo — spirituals , work songs e o blues cru que escapava das guitarras enferrujadas dos viajantes do Delta. Quando a família se mudou para Chicago, o jovem Lacy foi lançado no coração de um novo mundo musical. Lá, d...

Maurice John Vaughn: o sax, a guitarra e a alma do blues moderno de Chicago

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Maurice John Vaughn: o sax, a guitarra e a alma do blues moderno de Chicago Há músicos que caminham pelas bordas do tempo, transitando entre o passado e o futuro do blues. Maurice John Vaughn é um desses raros artistas. Guitarrista, cantor, saxofonista e compositor, ele nasceu em  Chicago, algumas fontes citam 10 de maio,  outas 6 de novembro de 1952   — a cidade que moldou o som que ele carrega até hoje na alma. Sua trajetória é a de um músico inquieto, que aprendeu cedo a dialogar com o coração do blues e a mente do funk, o corpo do soul e o espírito urbano que pulsa nas esquinas da Windy City. O início de uma jornada Antes de se tornar uma figura respeitada na cena blues de Chicago, Vaughn estudou música e trabalhou como saxofonista em bandas locais de R&B e soul . Essa formação multifacetada seria fundamental para o que viria a seguir. No fim dos anos 1970, ele começou a se destacar acompanhando nomes lendários como A.C. Reed e Luther Allison , absorv...

Floyd Dixon: o “Mr. Magnificent” do Jump Blues

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Floyd Dixon: o “Mr. Magnificent” do Jump Blues Floyd Dixon foi um pianista e cantor de rhythm and blues cuja energia no piano e a voz direta ajudaram a desenhar a ponte entre o jump blues e o R&B que dominaria as décadas seguintes. Nascido no Texas e forjado nas ruas e salões de Los Angeles, Dixon tornou-se uma figura essencial do piano eletrizante que embalava danças, rádios e jukeboxes. Este texto traça sua trajetória, destaca seus grandes momentos e recorda a sua morte, respeitando o ritmo e a poesia do blues. Das raízes em Marshall ao piano urbano Floyd Dixon nasceu em Marshall, no Texas, em 8 de fevereiro de 1929, e cresceu imerso nas sonoridades do sul dos Estados Unidos: o gospel, o blues rural e as primeiras pulsações do jazz e da música country. Ainda menino, aprendeu a tocar observando músicos locais e frequentando festas e reuniões onde o piano era tanto instrumento quanto confessionário. Em 1942, já na adolescência, sua família mudou-se para Los Angeles, mudança que...

Lazy Lester: o mestre do “swamp blues” sem pressa

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Lazy Lester: o mestre do “swamp blues” sem pressa No âmago da Louisiana alagadiça, onde o cypress se dobra ao som da maré e a harmónica chora em ritmo lento, emerge a figura de Lazy Lester (nascido Leslie Johnson). Entre o barro e o brilho das luzes de estúdio, sua história ­– marcada por êxitos, abandono e retorno – revela o espírito errante e essência genuína do blues americano. infância e raízes: da fazenda à harmónica Leslie Johnson nasceu em 20 de junho de 1933, em Torras, Louisiana, pequena comunidade próxima de Baton Rouge. Filho de agricultores, cresceu em um cenário rural, onde o som dos ciprestes e o canto dos pássaros talvez fossem a primeira banda sonora de sua vida. Ainda jovem, trabalhou em postos de gasolina, cortando lenha ou no comércio de bairro, enquanto absorvia os estilos que formariam sua paleta musical: o blues urbano de Little Walter, o country de Jimmie Rodgers e o zydeco/cajun que vibrava nas redondezas da Louisiana.  Foi por acaso que Lester subiu no ônib...

James Peterson: o blues no sangue e na alma

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James Peterson: o blues no sangue e na alma Hoje, no Todo Dia Um Blues , celebramos o nascimento de um homem que viveu e respirou o blues até o último acorde: James Peterson . Guitarrista, cantor, compositor e dono de uma presença magnética, ele foi mais que o pai de Lucky Peterson — foi um daqueles artistas que mantiveram acesa a chama do blues em tempos de mudança. Sua vida, marcada por suor, fé e cordas tensas, é um testemunho do que significa ser fiel à essência desse gênero. As raízes e o início da jornada Nascido em 4 de novembro de 1937 , em Russell County, Alabama, James cresceu imerso na tradição do gospel e das canções de lamento do sul. Quando jovem, seguiu o caminho da música com a naturalidade de quem atende a um chamado espiritual. Com a guitarra nas mãos, percorreu igrejas, bares e esquinas, aprendendo com cada nota que o blues é tanto dor quanto redenção. Nos anos 1960, já instalado em Buffalo, Nova York, abriu o lendário Governor’s Inn , um clube que se tornari...

Laura Cox: a guitarra que desafia as tempestades

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Laura Cox: a guitarra que desafia as tempestades Entre os relâmpagos do rock e o coração pulsante do blues, surge Laura Cox — uma das guitarristas mais incendiárias e autênticas da cena contemporânea. Filha de mãe francesa e pai britânico, ela nasceu em 24 de novembro de 1990, trazendo em seu sangue o encontro entre duas margens culturais. Desde cedo, aprendeu que a guitarra podia ser um refúgio, uma arma e uma confissão. E transformou tudo isso em som. Das cordas da internet aos palcos do mundo A história de Laura Cox é, antes de tudo, uma história de coragem e liberdade criativa . Aos 14 anos, ela pegou uma guitarra e nunca mais largou. Em 2008, ainda adolescente, começou a publicar vídeos de covers no YouTube, tocando clássicos de AC/DC , ZZ Top e Dire Straits . O público percebeu algo diferente ali: não era apenas técnica, era alma bluesy , emoção pura vibrando em cada bend e vibrato. O sucesso digital rapidamente transbordou para o mundo real. Em 2013, Laura fundou a Lau...

Little Johnny Jones: Entre brigas, bares e boogies

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Little Johnny Jones: Entre brigas, bares e boogies  Há nomes no blues que parecem deslizar entre as notas e os becos da história, sem o devido brilho das manchetes. Little Johnny Jones é um desses mestres escondidos — um pianista que ajudou a definir o som elétrico de Chicago e que deixou, em cada acorde, o rastro da alma do Mississippi. Nascido em 1º de novembro de 1924, em Jackson , e falecido em 1964, Jones foi o elo entre o blues do campo e a energia urbana que transformaria o gênero para sempre. Das margens do Mississippi às esquinas de Chicago Filho de uma família simples e musical, Jones começou tocando harmônica, mas foi ao piano que encontrou sua verdadeira voz. A migração para Chicago, em meados dos anos 1940, mudou tudo. Era o auge da transformação: guitarras elétricas ganhavam espaço, e o blues rural ganhava novas cores e intensidades. Jones chegou com a bagagem certa — o toque visceral de quem nasceu ouvindo o eco dos campos e a vontade de colocar o blues em movi...